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A história de Sedna, a deusa do mar

Sedna, é uma heroína mítica do povo Inuit que vira a deusa do mar. Aqui sua história, recontada por mim.


Sedna era uma linda e jovem mulher que vivia só com seu velho pai pescador, Anguta. Sua grande beleza era realçada por longos, brilhantes e fartos cabelos negros. Por ser muito bonita tinha vários pretendentes, mas não escolhia nenhum pois nenhum a encantava.
Ela vivia nessa constante recusa, até que um dia, bate à porta de sua casa um homem misterioso, muito alto e forte, com belas roupas feitas de pele de urso, com o rosto coberto por um manto. Ele prometeu a Sedna que se ela se casasse com ele lhe proporcionaria uma vida muito boa. Viveriam numa bela casa, adornada e aquecida com peles de diversos animais e teriam sempre comida farta com peixes e outros animais das mais variadas espécies. Sedna se encantou com ele e com suas promessas e o aceitou como marido, partindo logo para sua nova morada no caiaque do esposo. Navegaram por horas até que chegaram numa ilha onde havia apenas uma cabana muito suja e fedorenta coberta de peles podres de peixes. Aí o marido tirou seu manto e ela viu que ele era um enorme Espírito-Pássaro marítimo.
Ela ficou horrorizada! Tudo aquilo que ele havia prometido era uma completa mentira: suas promessas eram falsas. Além de enganá-la, a obrigava a trabalhar pesado tentando fazer a limpeza daquela moradia imunda. E ela tinha que comer peixe cru, assim como ele.
Sedna não fazia nada mais além de chorar e se lamentar. Seus gritos de dor eram tão terríveis que, ainda que estivesse tão longe, Anguta, seu pai a escutou. Pegou então seu caiaque e foi remando em busca de resgatar Sedna. Quando chegou na ilha e na casa deles, também ficou horrorizado com a situação da filha. Ela então lhe contou que na verdade havia casado com o Espírito-Pássaro. O pai resolveu fugir logo dali com ela e libertá-la daquele destino tão ruim. Chamou-a depressa para seu barco antes que o marido descobrisse a fuga e ambos rapidamente partiram.

Mas o Espírito-Pássaro percebeu. Furioso com a partida da mulher enviou com sua magia uma imensa tempestade marítima que os pegou em cheio no mar. O barco mal conseguir se sustentar: por mais que Anguta remasse com toda força não conseguia se livrar das imensas ondas e dos fortes ventos.
Vendo que o marido de Sedna não a deixaria partir de maneira alguma, o pai para se salvar, jogou-a para fora do barco no mar. Ela, ao cair naquelas águas geladas, desesperada subiu um pouco à tona e se agarrou ao barco. O pai então para se libertar da filha e da fúria do marido Pássaro, cortou as pontas dos dedos de Sedna. E esses pedaços dos dedos da moça ao caírem no mar viraram focas, morsas e outros seres marinhos. E cada gota derramada de seu sangue se transformou em um tipo de peixe. Mas ela ainda lutando para sobreviver, com o que restava dos dedos voltou a se agarrar ao barco. E aí o pai cortou suas mãos. E suas mãos ao caírem no mar se transformaram leões-marinhos e em imensas baleias. Sedna não conseguiu mais manter-se agarrada ao caiaque. Lentamente afundou nas águas, enquanto as ondas se acalmavam e seu pai conseguia fugir.
Mas Sedna não morreu. Na verdade morreu como humana, mas renasceu deusa. Ao afundar no oceano virou a Deusa do Mar. Foi morar nos abismos do oceano profundo. A fauna do Ártico é sua companhia constante e ela reina soberana sobre os animais marinhos, de quem ela é a mãe. E é da boa vontade de Sedna que depende o alimento do povo inuit.

3 comentários

  1. Maria Beatriz Szili disse:

    Interessante. Ela se transforma à medida em que abandona a salvação do pai. E cresce em grandeza! Lindo!

  2. Joala Souza disse:

    Tirei essa carta no Oracuo Goddess Guindance. Sedna e amei essa ligaçao que ela tem com oceano e os animais que vivem nele, super me identifiquei

  3. Diná Lourenço disse:

    Não sabia da existência desse nome e um dia fiz uma regressão onde me vi como sereia que era obrigada a viver em uma gruta no fundo do mar, quando perguntaram meu nome eu disse Sedna. Chorei uma semana sentindo a tristeza de viver isolada naquela gruta.

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