Sobre A sutil arte de ligar o foda-se
Tá, eu também desconfio de best sellers deste tipo, mas folheei esse livro numa livraria (também é por isso que as livrarias não podem fechar: nelas a gente folheia coisas só porque estão na frente e têm capa cor de laranja), comprei e não amei, mas gostei. A arte sutil de ligar o foda-se é sim auto ajuda, mas não é bobajada.
O livro parte da ideia de que nossa cultura (americana/brasileira/ ocidental/urbana) nos causa uma espécie de transe que nos leva a desejar cada vez mais coisas, a achar que temos/somos menos do que deveríamos e a médio prazo nos transforma nuns frustrados.
Deveríamos ser magras, ricas, namorar o príncipe encantado, ter o trabalho/carro/viagem/vida perfeitos, etc. Essa é uma lista de desejos – e “Siga seu desejo” parece ser a norma de nossa sociedade.
O caso é que os desejos mais convencionais e estimulados por essa sociedade são ótimos para reafirmar valores convencionais e superficiais, para aumentar a produção, para criar novos consumos e desejos de consumo – mas não são tão bons para criar felicidade nem realização.
Costumam custar grandes esforços (tipo: ficar rica geralmente significa trabalhar 14 hs por dia e sacrificar a vida pessoal, ficar magra geralmente demanda sacrifício constante, etc) que na maioria das vezes não valem a pena mesmo quando o objetivo é alcançado; causam enorme frustração para quem não consegue; entramos sem pensar no poço sem fundo de um-desejo-atrás-de-outro. Por isso Buda ilustra esse post: a ideia de diminuir os desejos é velha, amigas…
O autor então sugere que se escolha o que realmente importa: coisas realistas, controláveis pela própria pessoa, consistentes e socialmente construtivas. “O que realmente importa” não é uma lista dada nem tabela fixa: é pessoal e tem a ver com o que nós aqui chamamos de construir os próprios valores, de fazer a jornada de heroína, de descobrir a si mesma.
É o nosso “Siga sua bliss”, “Siga seu Chamado”, em vez de “Siga os desejos que o sistema te induz a ter”.
Num resumíssimo, o livro tem duas perguntas básicas: primeiro, o que realmente importa para você? Quais valores são fundamentais? Atente a isso, veja com cuidado. Segundo, a pergunta de um milhão de dólares: o que você está disposta a sacrificar para viver conforme os próprios valores? Para seguir sua bliss?
Aquilo que vale a pena se empenhar, empenhe-se mesmo, e ligue o foda-se para o resto.