O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Bruxa Malvada ou Velha Sábia?


Margaret Atwood, a escritora canadense, entrou na moda após dois de seus livros virarem séries de sucesso na televisão – Contos de Aia (que ganhou 5 premios Emmy esse ano) e Alias Grace. Não li nenhum desses dois livros e ainda não vi as séries, mas li dela há tempos atrás, um livro que me impressionou muito e que reverberou dentro de mim por longo tempo, especialmente por sua força e estranheza: O LAGO SAGRADO. Em suas obras Atwood fala muito sobre o Feminino no seu nível profundo, denso, onde luz e sombra se mesclam. Trata também da opressão sufocante da mulher dentro da cultura patriarcal, que muitas vezes em sua ficção, como no Contos de Aia, leva a uma distopia.
Esse ano, aos 78 anos, recebeu em Frankfurt o Prêmio da Paz do Sindicato de Livreiros alemães e deu uma entrevista, publicada pelo El País. Trago aqui um trecho que considero sensacional – divertido, cheio de sabedoria e com muita distância das bobagens a que se dá tanta importância.

“Quando você tem mais idade, pode escolher. Pode ser uma bruxa malvada ou uma velha sábia. Eu gosto de alternar. Um advogado vizinho meu me viu varrendo as folhas do jardim no outono e me alertou:
—Margaret, não deveria fazer isso.
—O que quer dizer, Sam?
—Não deveria estar aí fora com a vassoura. Não sabe que te chamam de bruxa malvada do bairro?
P. O que você respondeu?
R. Perguntei a ele se não sabia que o medo gera mais respeito que o amor. É bom dar um pouco de medo”.

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