O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

HÉCATE, a senhora das profundezas

Seu mito 

Hécate, que significa “aquela que age como lhe apraz” é uma titã, ou seja uma deusa da primeira geração dos deuses gregos, não fazendo parte dos deuses olímpicos. No entanto, Zeus conservou seus antigos previlégios e poderes e até os aumentou. Ela não possui um mito próprio, participando do mito de outros deuses, como Perséfone ou de heróis, como Hércules. É uma deusa ao mesmo tempo ctônica (ligada as profundidades da terra) e lunar, que preside a magia e os encantamentos. É ligada ao mundo das Sombras (e do inconsciente). Quando caminha carrega uma tocha em cada mão e é acompanhada por duas cadelas, duas éguas e duas lobas, todas negras. Seu horário é o crepuscúlo, seu local as encruzilhadas. Muitas vezes é retratada como sendo tríplice – donzela, mãe e anciã. E, como deusa tríplice representa além das três fases da mulher, as fases da lua e os três níveis: o infernal, o telúrico e o celestial. É a deusa-toda-poderosa evocada pelas bruxas e feiticeiras e foi por isso demonizada durante a Idade Média. Hécate é a senhora dos portais! 

O que Hécate pode nos ensinar 

Que todas nós mulheres, mesmo modernas e sofisticadas temos um lado ctônico e lunar que não podemos, que não devemos negar. Nesse mundo crepuscular vive muito da nossa vitalidade e da nossa força como mulher. Em alguma medida mora uma “bruxa” em cada uma de nós. Precisamos manter o contato com esse mundo mais sombrio, mais inconsciente, onde a luz não é a direta e solar, mas uma luz mais difusa, da lua, porque nele vive o feminino profundo. 

Hécate também vem ao nosso auxílio, servindo como uma guia sagrada quando nos encontramos em encruzilhadas na vida – fortes, complexas e que trarão um profundo impacto para nós – e não sabemos o que escolher. Naqueles momentos onde a racionalidade, a praticidade, o bom senso, a tradição, as autoridades externas não dão conta nem podem opinar na escolha, só nossa voz interior. Temos então que evocar nossa Hécate interna para que ela ilumine com suas tochas nossa intuição e nos leve para o caminho que tenha a ver com a nossa alma. 

A ilustração desse post é uma pintura de Hécate feita pelo poeta e pintor inglês Willian Blake.

Texto de Cristina Balieiro

1 comentário

  1. Não conhecia esse mito, mas achei fascinante

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.