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Heroínas do Brasil – Chiquinha Gonzaga

Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847/1935) mais conhecida como Chiquinha Gonzaga:compositora, pianista e regente
 

Francisca Edwiges, conhecida como Chiquinha, nasceu em meados do século XIX no Rio de Janeiro. Sua mãe era de descendência negra e pobre e seu pai um militar, de família tradicional, primo do Duque de Caxias. Apesar de ter se casado com uma mulher fora dos padrões aceitáveis para a época e contra a vontade da família, seu pai era conservador e deu a ela a educação que se dava às meninas de famílias aristocratas: contratou um mestre para ensiná-la a ler e escrever, fazer cálculos, um pouco de francês, além do catecismo. Contratou também um professor de piano o que estava na moda entre a aristocracia!
Chiquinha amou a música desde pequenininha! Ganhou um piano quando tinha 9 anos e com 11 fez sua primeira melodia.

Ela sempre foi uma pessoa ousada e corajosa, quebrando durante a vida muitas das regras vigentes e enfrentando as imensas restrições que as mulheres sofriam. Pagou um preço alto e passou por situações bem difíceis, mas nunca desistiu de seus ideais e, acima de tudo, da música. 

Casou-se aos 16 anos com Jacinto Ribeiro do Amaral, herdeiro de terras e de gado. Com ele teve três filhos, o primeiro logo depois do casamento, ainda com 16 anos. O casamento foi bem atribulado e como como o marido não lhe permitia dedicar-se a música, separou-se levando consigo somente o filho mais velho. Deixou os outros dois com os pais, que não aprovando sua separação, declararam que para eles ela estava morta e não a deixavam visitar os filhos. Tinha 20 e poucos anos.

Apaixonou-se logo depois pelo engenheiro João Batista de Carvalho, com quem viveu por uns anos e com quem teve mais uma filha. Separou-se também dele, deixou a filha com o pai e mais uma vez partiu somente com  seu primeiro  filho. Foi morar numa casa modesta; ainda não tinha 30 anos.
Foi quando  ingressou definitivamente no universo musical do Rio de Janeiro do final do século XIX. Na época que ela viveu, no Brasil, as mulheres só tocavam piano nas casas para a família e só podiam tocar valsas e músicas eruditas. Chiquinha romperia vários tabus a partir de então, sendo um deles ter transformado o piano de objeto ornamental em instrumento de trabalho e sustento. 

Compôs e tocou música popular: marchas, polcas, choros e maxixes, deu aulas de piano e tocou piano em lojas de instrumentos musicais para poder se sustentar. 
Ao mesmo tempo, juntou-se a um grupo de músicos de choro, se apresentando em público em teatros e casas de show. Criou várias peças musicais para o teatro. A peça de teatro “Forrobodó”, musicada por ela, tornou-se um grande sucesso na época sendo um dos maiores do Teatro de Revista do Brasil de todos os tempos: suas músicas eram cantadas por toda cidade.

Foi pioneira em muitas coisas em nosso país: fez o primeiro concerto em teatro usando violão, considerado na época um instrumento popular e de segunda categoria; foi a autora da primeira marcha carnavalesca: “Ô Abre Alas” de 1899, além de ser a primeira mulher a reger uma orquestra. 
Ganhou a vida com a música e abriu portas para as mulheres nessa profissão. 

Chiquinha também participou da vida política do país, se envolvendo ativamente da campanha pela abolição dos escravos e pela proclamação da república. Vendeu partituras suas de porta em porta para arrecadar fundos para a Confederação Libertadora. Comprou a alforria de diversos escravos, entre eles o músico José Flauta. 
Chiquinha também lutou pelos direitos autorais, depois de encontrar em Berlim, na Alemanha, várias partituras suas, reproduzidas sem autorização. Foi fundadora, sócia e patrona da SBAT – Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. 
Morreu velhinha, com quase 90 anos. 

Próxima quarta-feira, dia 16/03: NÍSIA FLORESTA

4 comentários

  1. Uma mulher forte, de coragem, persistente, intuitiva que foi atrás dos sonhos, e com certeza fez muitos sacrifícios. Linda história.

  2. Marlise Eberle Costella disse:

    Importante passar esse conhecimento para que entendamos como algumas coisas mudaram e perduram em nossas vidas.. conhecendo um pouco dessas corajosas mulheres que sempre estiveram a frente de seu tempo. Parabéns pelo projeto.

  3. crisbalieiro disse:

    Obrigada a todas pelos comentários! Está sendo muito bom poder contribuir para que as histórias dessas mulheres incríveis sejam mais divulgadas!
    Cris

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