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Iemanjá e a maternidade – parte 2


Lições sobre a maternidade da Nossa Grande Mãe Africana: Iemanjá

Iemanjá também nos ensina que a maternagem tem limites, especialmente no tempo. Sem esse limite, o absolutamente imprescindível cuidado com os filhos se transforma no absolutamente pernicioso impedimento do crescimento e do aprendizado do cuidado de si. É uma “dança” entre a necessidade de cuidados maternos e a busca de autonomia do filho. Se no início a balança pende para o cuidado, no correr do tempo tem de pender para a autonomia. Maternagem precisa ter tempo de duração.
Logicamente não estamos falando de amor materno, pois isso nunca termina – a força da conexão com os filhos é eterna.
Mas essa história de que, para as mães, as filhas e os filhos são eternamente crianças, por mais que pareça “fofinha”, é muito ruim para os dois lados. Ruim para a filha e o filho que não se assumem adultos inteiramente e não se responsabilizam por cuidar da sua vida, tornando-se “bebezões crescidos”. E ruim para a mãe, que não tem vida própria e que só reconhece para si a identidade do cuidado materno. O resultado é que ela não suporta a separação necessária dos filhos e tenta mantê-los “presos à barra da sua saia”. Ambos saem perdendo nessa simbiose travestida de amor.
Viemos ao mundo para ser inteiros, e ser filha/filho e mãe é só uma parte da nossa identidade, por mais importante que seja. Se ficarmos paralisados nisso não vamos cumprir nosso destino de plenitude.
Iemanjá é uma Grande Mãe, mas é, acima de tudo, Iemanjá.

Trecho do livro “O legado das deusas”

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