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Indicação de livro: Nossa Senhora do Nilo


Mais uma indicação de livro, fruto da minha viagem literária sobre a escrita de mulheres da África ou de origem africana: Nossa Senhora do Nilo. Scholastique Mukasonga, a autora é uma mulher nascida em Ruanda, sobrevivente ao genocídio que ocorreu lá nos anos 90 e que hoje vive na França. Conta nesse livro de forma indireta, usando um colégio feminino como cenário, através de diversas personagens alunas, como o conflito entre etnias, estimulado pelos colonizadores como forma de dominação, as lutas pelo poder, a corrupção, a religião e os religiosos cristãos que “tomaram” grandes partes da África serviram de prenúncio para o massacre. É um livro forte mas ótimo, esclarecedor e muito, muito bem escrito.
O cineasta afegão residente na França Atiq Rahimi realizou em 2019 o filme Nossa Senhora do Nilo, baseado nesse livro. Foi vencedor do Urso de Cristal no festival de Berlim e passou aqui no Brasil na 44Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Editora Nós

Segue a sinopse do livro: Uma escola para meninas, situada no alto das montanhas da bacia do Congo e do Nilo, em Ruanda, a 2500 metros de altura e próxima à nascente do grande rio egípcio, aplica rigorosamente um sistema de cotas étnicas que limita a 10% o número de alunas da etnia tutsis. Quando os líderes do poder hutu tomam conta do local, o universo fechado em que têm de viver as alunas torna-se o teatro de lutas políticas e de incitações ao crime racial. Os conflitos são um prelúdio ao massacre ruandês que aconteceria tempos depois. Em Nossa Senhora do Nilo, Scholastique Mukasonga, sobrevivente do massacre, conta as experiências-limites pelas quais passaram as jovens do colégio, numa narrativa pungente que encantou o mundo.

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