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MULHERES MARCANTES: Carlota Pereira de Queirós (1892/1982)

Carlota Pereira de Queirós foi uma médica, escritora, pedagoga e política brasileira. Foi a primeira mulher brasileira a ser eleita deputada federal. Ela participou dos trabalhos na Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935. 

Era proveniente de uma família abastada de fazendeiros pelo lado paterno e de uma família de políticos pelo lado materno. Entretanto, não se caracterizou pelos seus ascendentes, mas sim, pelo fato de ter sido uma mulher de vanguarda para o seu tempo, não aceitando as limitações infligidas pela sociedade às mulheres. 

Destacou-se como aluna e formou-se professora em 1920, trabalhando desde cedo como inspetora de diversos educandários. Ingressou na Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, mas, no início dos anos de 1920, transferiu-se para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se graduou, em 1926, com a tese Estudos sobre o Câncer, monografia galardoada com o Prêmio Miguel Couto. Foi interna da cadeira de clínica médica e chefe do laboratório de clínica pediátrica, em 1928, como assistente do professor Pinheiro Cintra. Fundou e dirigiu clínicas pediátricas no Rio de Janeiro e em São Paulo. 
Em 1929 foi comissionada pelo governo paulista para estudar dietética infantil em centros médicos da Europa. Esteve na Suíça, França e Alemanha fazendo cursos de aperfeiçoamento e trabalhando com médicos célebres. 

Respeitadíssima, teve notável atuação durante a Revolução Constitucionalista de 1932, quando o estado de São Paulo rebelou-se contra o governo provisório de Getúlio Vargas. Junto com a Cruz Vermelha Paulista organizou um grupo de 700 mulheres no “Departamento de Assistência aos Feridos”, além de dirigir a “Oficina de Costura”, trabalhos que além de lhe ter despertado para a vida púbica, deu-lhe visibilidade e garantias de uma vaga na Assembleia Nacional Constituinte de 1934. Em novembro de 1932 fez parte da comissão que foi ao Hospital Central do Exército, no Rio de Janeiro, para buscar os últimos prisioneiros constitucionalistas que ainda estavam presos. 

Foi a primeira deputada federal da história do Brasil, eleita pelo estado de São Paulo, em 1933, para uma das 254 cadeiras da Câmara dos Deputados à Assembleia Nacional Constituinte de 1934. Na Constituinte, Carlota integrou a Comissão de Saúde e Educação, trabalhando pela alfabetização e assistência social, sendo a voz de muitas mulheres.

Após a promulgação da Constituinte em 17 de julho de 1934, teve o seu mandato prorrogado até maio de 1935. Eleita pelo Partido Constitucionalista de São Paulo, no pleito de outubro de 1934, permaneceu na Câmara até 1937, quando foi instaurado o Estado Novo e Getúlio Vargas fechou o congresso. 
Durante esse período lutou pela redemocratização do país. 

Foi também escritora e historiadora, com as publicações Um Fazendeiro Paulista no século XIX e Vida e Morte de um Capitão. 
Ainda em 1934, ingressou no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. 

Foi membro das Associação Paulista de Medicina de São Paulo, “Association Française pour l’Étude du Cancer”, Academia Nacional de Medicina e Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires. Fundou a Academia Brasileira de Mulheres Médicas, em 1950.

Faleceu em São Paulo, em 14 de abril de 1982, aos 90 anos.

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