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MULHERES MARCANTES: Nise da Silveira (1905/1999)

NISE com um de seus amados gatos

Nise cursou a Faculdade de Medicina da Bahia, de 1921 a 1926, sendo uma das primeiras mulheres a se formarem em medicina no Brasil. Especializa-se em psiquiatria e em 1933 passa num concurso para psiquiatra do Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospital da Praia Vermelha, Rio de Janeiro. 

Durante a Intentona Comunista, denunciada pela posse de livros marxistas, é presa em 1936 e fica na prisão por 18 meses. De 1936 a 1944 permanece com seu marido, o médico sanitarista Mário Magalhães da Silveira, na semi-clandestinidade. 

Em 1944 é reintegrada ao serviço público no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, Rio de Janeiro. Por sua discordância com os métodos adotados, Nise é transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então menosprezada pelos médicos. Em 1946 funda nesta instituição a “Seção de Terapêutica Ocupacional”. 
No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob o título de terapia ocupacional, ela cria ateliês de pintura e modelagem com a intenção de possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade, revolucionando a Psiquiatria então praticada no país. 

Em 1952, ela funda o Museu de Imagens do Inconsciente, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição, valorizando-os como documentos que abrem novas possibilidades para uma compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico. 

Poucos anos depois da fundação do museu, em 1956, Nise desenvolve outro projeto revolucionário para sua época: a Casa das Palmeiras, uma clínica voltada à reabilitação de antigos pacientes de instituições psiquiátricas. Neste local podem expressar sua criatividade, sendo tratados como pacientes externos numa etapa intermediária entre a rotina hospitalar e sua reintegração à vida em sociedade.

NISE E JUNG em 1957

Interessada em seu estudo sobre os mandalas, tema recorrente nas pinturas de seus pacientes, ela escreveu em 1954 a Carl Gustav Jung, iniciando uma proveitosa troca de correspondência. Jung a estimulou a apresentar uma mostra das obras de pacientes que recebeu o nome “A Arte e a Esquizofrenia”, ocupando cinco salas no “II Congresso Internacional de Psiquiatria”, realizado em 1957, em Zurique. Através do conjunto de seu trabalho, Nise da Silveira introduziu e ajudou a divulgar no Brasil a psicologia junguiana. 

Seu trabalho e idéias inspiraram a criação de museus, centros culturais e instituições terapêuticas similares às que criou em diversos estados do Brasil e no exterior.

1 comentário

  1. Ana Nazaré disse:

    Que legal ! Minha mãe tem esquizofrenia..vou pesquisar mais..

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