O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

O cortejo da rosa negra

A Cris fez esse desenho há alguns anos atrás, quando nos conhecemos, e quando ela estava para fazer uma importante mudança em sua vida profissional.
Levou-o ao espaço da Ana, e todas nos sentimos movidas por ele. Por quê?

Bom, desde tempos imemoriais, e por todo mundo, as pessoas seguem procissões ou cortejos.
Por exemplo, os egípcios já tinham cortejos ritualisticos; na entrada de Jerusalém e depois na Via Cruz, Cristo fez um caminho que hoje refazemos em procissões nas datas sagradas.
Isso para não falar que também as fazemos em datas menos sagradas; afinal, atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu, disse o Caetano.

A procissão é um arquétipo, que representa uma jornada iniciática coletiva.
Vai-se atrás algo que se quer alcançar: de um Deus, de uma idéia ou ideal, de uma experiência incomum, de um mito, de uma epifania como é o carnaval.
É uma turma que se une com os mesmos objetivos, ao menos naquele momento.

Nessa aqui, temos quatro mulheres, duas brancas e duas negras, e a da frente carrega uma grande rosa, que é o foco da procissão.
Para os junguianos, além de outras coisas, o 4 é o numero da estabilidade e da inteireza, a integração da sombra e da luz.
Já a rosa é um forte símbolo do feminino, ligada antes a Venus, depois à Virgem Maria. Geralmente é representada vermelha ou, propriamente, cor de rosa.
Mas essa é negra.
Para mim, uma rosa negra lembra o feminino oculto, aquele quase esquecido nos profundos subterrâneos. Evoca a terra fértil, as Madonas Negras, a grande Deusa Taoísta, o inconsciente escuro que é temido, mas de onde jorra a fonte da criatividade.

Nós duas seguimos essa rosa negra, que desabrochou no nosso livro, nas palestras, nesse blog, e continuamos atrás daquelas idéias que hoje desenvolvemos e procuramos aprofundar.
E não só para nós, mas junto com outras pessoas, porque numa procissão não se anda sozinho, nem se vai atrás de um lider, mas sim de uma idéia maior.

Jung e Joseph Campbell se perguntaram que mito eles estavam vivendo.
A gente também pode se perguntar qual cortejo estamos seguindo.
 Texto de Beatriz Del Picchia, desenho Cristina Balieiro

3 comentários

  1. Bom dia!
    Estou aí neste cortejo, atrás da rosa negra. Na busca da integração sombra/luz e grata por receber este foco logo cedinho.
    beijo grande;
    Patricia

  2. Ursula disse:

    Adorei este post. Estou pesquisando sobre o sagrado feminino e voltarei aqui sempre, com mais tempo para acompanhar os posts.

  3. Anônimo disse:

    O retorno do Sagrado Feminino é real, em todos os lugares, como numa teia gigantesca que une tudo e todos, e traz de volta a consciência da Grande Mãe, a Deusa.

Deixe um comentário para Patricia Vignoli Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.