O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

O Feminino e os Livros: TOQUES DE ALMA

Como já falei diversas vezes aqui, sou meio rata de livrarias e sebos e AMO ir a Bienal de livros, apesar delas estarem se tornando “meio estranhas”, mais feiras no mau sentido, do que lugar para quem ama ler, encontrar os livros. Mas, mesmo assim sempre vou. Gosto de garimpar, achar autores novos, ver livros bonitos, bem impressos, ilustrações , especialmente de livros infantis, ver lançamentos, novidades…é sempre uma festa para mim! 

Bom, na Bienal de 2006, entre outros achados me deparei com esse livro que indico hoje, TOQUES DE ALMA – um olhar feminino. O título já me atraiu. Além disso seu formato diferente, quadradinho – 18 X 18 cm, também chamou minha atenção. Aliás, graficamente é um livro bonito, muito bem cuidado! Comprei, claro, li e gostei muito. 

Ele foi escrito pela jornalista Adilia Beloti e publicado pela editora Rosa Rumo, em 2006. É composto por 40 colunas que ela escreveu durante 4 anos para a internet. Ela escreveu para o portal do IG, para o site Somos Todos UM e no seu blog e desses escritos selecionou essas colunas que compõem o livro. Elas são divididas em 4 seções: Sobre olhares e palavras, Sobre mulheres, Olhares interiores e Simples Olhares. 

São colunas pequenas, mas escritas numa linguagem muito saborosa, muito pessoal, como se uma querida e íntima amiga estivesse falando com a gente. Ao mesmo tempo tem profundidade, uma linguagem rica e muita informação de primeira qualidade. E cita um monte de gente bacana e de maior respeito: Jung, Campbell, Marion Woodman, Dalai Lama, Heráclito, James Hillman, Monika von Koss, Bárbara Walker, Teillard de Chardin, Lin Yutang, Ken Wilber e outras e outros do mesmo naipe. 
Discorre em suas colunas sobre os mais variados assuntos, muitos deles sobre o que ronda nossa cabeça de mulheres hoje: amigas, filhos, amores, as deusas, Maria, como viver melhor e de forma mais plena, a compaixão, viagens, a pressa, férias, etc etc 

As colunas ocupam 2/3 da página e muitas vezes ela usa o espaço em branco que sobra para indicar vários livros como leitura complementar ao que está dizendo. Outras vezes cita trechos de poesia ou da letra de alguma canção ou até faz comentários sobre o que escreveu. Eu achei isso criativo e sensacional! 
Seguem algumas citações do livro, para você que me lê, degustar: 

Discorrendo sobre nossos olhares para a vida: Crescer é abandonar os olhares reconfortantes, apressados em nos definir, e ousar olhar longe. 

Falando sobre coisas que nós mulheres sabemos instintivamente, mesmo que não legitimamos esse saber: Todas nós sentimos, vez por outra, uma vontade de parar de bater as asas na vidraça e aquietar a alma. 

Contando sobre uma viagem que fez à Amazônia: A floresta é um ser feminino, que nasce da terra avermelhada que tem a cor da vida, do sangue, da sexualidade. (….) Longe das anacondas e das piranhas, que fazem a alegria das crianças e enchem os homens de um entusiasmo regado a testosterona, nossa selva tinha cheiro de mulher e profundos e úmidos mistérios. 

Respondendo a uma leitora de 12 anos, cheia de dúvidas: Somos todos destinados ao espanto e às maravilhas do mundo. Isso gera dúvidas, perguntas, pontos de interrogação. Mesmo os melhores entre nós sabem tão pouco(….) Só que tem dúvidas continua achando que viver é uma aventura extraordinária. 

Falando sobre peregrinações: (…) em alguns lugares, se você levantar uma pedra e olhar bem e procurar lá no fundinho da sua alma um você mais antigo, então vai conseguir enxergar o rosto de Deus. 

Sobre o ritmo alucinado de hoje: Quando as coisas ameaçarem estar indo depressa demais ou longe demais, ponha imediatamente o pé no freio. Para ser um super-herói moderno, a gente precisa se tornar mestre na arte de silenciar o corpo e a mente e colocar os acontecimentos no nosso ritmo. 

Refletindo sobre a importância do desapego e de encarar a impermanência: Apenas contemplar de que as coisas no fundo não nos pertencem, que não podemos alterar o fluxo dos acontecimentos, que um dia vamos morrer, que muitas vezes nossos desejos e nossos apegos são nossos maiores inimigos, traz um profundo sentimento de tranquilidade que é quase flutuar. (….) Cada instante transformado em uma dádiva e cada encontro sendo eterno enquanto dura. Despidos de tantas expectativas, preocupações e desejos de controlar, de segurar e de prender, vamos dar uma banana para o corvo triste e mergulhar de cabeça na aventura de viver. 

É um livro delicioso!

Texto de Cristina Balieiro

2 comentários

  1. Anônimo disse:

    Amei esses pensamentos e ideias. Ja copiei. Inspiracao p hoje!!

  2. Se puder, leia o livro: acho que vc vai gostar muito! Abraco
    Cris

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