O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

O Rei Demétrio, de Konstantinos Kaváfis

Segundo Jung, nós construímos “personas” com a qual nos comunicamos com o mundo, como máscaras com as quais desempenhamos os papéis de nossa vida.
Mas ele previne que não somos apenas isso, e que não devemos nos deixar identificar com esses personagens transitórios.

Em suas próprias palavras:
“ A identificação com o próprio cargo ou título pode ser muito tentadora, mas é o motivo pelo qual tantas pessoas não são mais do que a dignidade a elas concedida pela sociedade. Sob o envoltório pomposo encontraríamos um homenzinho deplorável. O cargo ou qualquer tipo de casca interior exerce um grande fascínio, porque representa uma fácil compensação das deficiências pessoais.” (C.G.Jung, O eu e o inconsciente, OC 7/2, pg33).
Isso me faz lembrar certos homens importantes que desmoronam ao se aposentar…
E para mim essa poesia fala exatamente disso. Quando o rei foi destronado, abandonou o poder como um ator troca de papel.

Recomendo que seja lida quando se está sozinho em casa, de preferência descalço e com o cinto desafivelado.

Seus efeitos colaterais podem fazer com que as pessoas nunca mais levem a sério os ditadores de qualquer tipo e que, mesmo que estejam bem vestidos com ternos, gravatas, bolsas de grife e saltos altos, não se levem muito a sério também.

O Rei Demétrio
Ao ser deixado pelos macedônios,
os quais mostraram preferir a Pirro,
o rei Demetrio (que a alma tinha
grande) de modo algum – assim disseram –
como rei comportou-se. Foi tirar
as vestimentas de ouro, atirou longe
os calçados de púrpura e, envergando
roupas simples, partiu logo em seguida.
Comportou-se exatamente como o ator
Que, uma vez o espetáculo acabado,
troca de roupa e vai logo para casa.

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