O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Ostara, a deusa germânica da primavera

O hemisfério norte entrou na primavera. Ostara é a antiga deusa germânica que a simboliza.

Ostara simbolizava o renascimento da natureza na primavera após os rigorosos invernos nessas regiões setentrionais da Europa. Era também associada a aurora, quando o Sol surge para iluminar a Terra, fato particularmente importante nesses locais escuros e frios. No alemão antigo, “ostar” significa o nascer do sol no leste. Mas Ostara representa em especial a luz e o calor crescentes da primavera: ela é aquela que traz, junto com a estação, a alegria, a fertilidade e as bênçãos para a Terra e para os que nela habitam.

Era retratada como uma mulher jovem, graciosa e muito bela. Quando Ostara retornava à Terra no solstício da primavera, com suas vestes diáfanas, destilava um aromático e doce orvalho que era recolhido como ingrediente para banhos rituais pois, segundo a crença, continham o elixir da eterna juventude.

Diziam que durante toda a primavera Ostara podia ser avistada, de quando em quando, em alguns locais mais ermos. Contemplando os campos verdes e floridos, ouvindo o canto dos pássaros e os sons de outros animais andando na relva, caminhava macia e vagarosamente com os pés descalços pelas margens dos regatos e depois banhava-se em suas águas frescas.

Ostara carregava um molho de chaves, um símbolo da sua capacidade de abrir o tempo mais luminoso e quente do ano e “trancar” a escuridão e o frio do inverno. Ela vinha no equinócio da primavera e se despedia no equinócio de outono.

O molho de chaves que Ostara carregava era também um símbolo do poder feminino para esses povos. Isso porque, nas comunidades germânicas antigas, possuir o molho de chaves de uma propriedade representava o maior prestígio que uma mulher podia ter. Ter a posse de todas as chaves era ter acesso a qualquer das portas do local, inclusive a do celeiro, reservatório do abastecimento de alimentos para o inverno. Possuir sua chave significava ter a capacidade e o poder de gerenciar esses recursos, garantindo a sobrevivência da família durante a estação gelada.

Outros símbolos associados a essa deusa são as lebres e os ovos. Como Ostara, a deusa da fertilidade, a lebre é muito conhecida por seu poder procriador e o ovo sempre esteve associado ao começo da vida.
As lebres, nessas regiões, vivem a maior parte do tempo frio em hibernação em tocas feitas embaixo da terra, mas no final de março e começo de abril, saem delas e correm e saltitam nos campos, anunciando a primavera e saudando a deusa. Ostara gosta tanto das lebres que entalhou uma figura dela na Lua para que todos possam vê-la.

Trechos do livro O LEGADO DAS DEUSAS 2

1 comentário

  1. Franz disse:

    Definitivamente, o feminino é o sagrado, pois o feminino é o símbolo da renovação, da vida, da força, e daquilo q de mais puro temos conhecimento.
    Viva a Páscoa, viva o feminino, viva a vida.

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