O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Segunda tarefa do mito de Psiquê: seguir a jornada sem ser destruída

Psiquê é uma jovem que deve cumprir quatro tarefas em uma jornada difícil. A segunda delas é conseguir apanhar um pouco da lã dourada de um grupo de fortes carneiros. Eles ficam muito agressivos quando estão aquecidos e iluminados pelo sol a pino, e provavelmente chifrarão Psiquê até a morte se ela tentar enfrentá-los diretamente para pegar a lã.

Os carneiros representam o lado destrutivo masculino quando é tomado pela tirania e desejo de poder. É o símbolo de Áries, o signo da primavera: um impulso agressivo, irrefletido, uma força masculina juvenil e sem sabedoria.

Num sentido mais psicológico, os carneiros representam uma força autodestrutiva de Psiquê, um impulso que a leva a tentar se matar e que pode induzir tantas mulheres a se sabotarem e não serem suportes de si mesmas.

Nessa hora em que não vê saída para a situação, Psiquê pensa até em desistir da vida afogando-se no rio, mas é ajudada por um caniço verde que estava ali. O caniço, ou junco, é uma planta aquática, flexível, que se curva e depois levanta, pertencente ao elemento água, oposta ao carneiro de fogo.

Conta o mito que o caniço lhe disse: – Espere, seja paciente. Quando o sol se põe os carneiros se acalmam e deixam fios de ouro presos as moitas: daí é só você ir lá e recolhê-los. Ela concordou, aguardou sob a sombra de uma arvore até o momento propício, e conseguiu a lã dourada sem confrontar os animais que a teriam destruído.

Nessa tarefa Psiquê teve que aprender a se mover com segurança diante do perigo, a aguentar a ansiedade, a segurar os próprios impulsos de reagir imediatamente às provocações.

Aprendeu a prestar atenção aos recados e informações que vinham do mundo externo a sua volta e a valorizar a própria intuição, representada pelos sábios conselhos que o junco sopra em seus ouvidos.

Essa tarefa também remete à conexão das mulheres com os próprios ciclos naturais, que tantas vezes exigem esperas e paciência, nos ensinando a manter a integridade e a conexão mesmo em circunstâncias difíceis.

As interpretações acima são baseadas em livros de Eric Newmann, Marie Louise von Franz, Carol Gilighan, Barbara Huber.

E se você não acompanhou o início da história, clique aqui que terá um resumo e um vídeo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.