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Sibilas, entidades femininas oraculares que predisseram a vinda de Cristo

Sibilas são mulheres mitológicas, intermediárias entre humanas e deusas, de origem grega ou talvez até anterior, da Babilônia. Segundo as antigas tradições, havia entre 10 ou 12 Sibilas que profetizavam oráculos nos templos de Apolo. Elas profetizaram que Troia cairia, por exemplo, e também que Cristo iria surgir.

Quando Roma dominou a Grécia, conta-se que elas foram para a Itália, estabelecendo-se nos labirintos e cavernas de Cumas, no sul do país. Em Roma, atribuem-se a elas os livros de oráculos chamados de tabuas sibilinas – Oracula Sibillina – onde estava o que elas adivinharam do futuro.

Esses livros existiram mesmo! Não sabiam sua origem, mas eram respeitados, guardados no Senado romano e consultados pelos senadores em tempos de crises. Eles abriam os livros ao acaso e liam para ter um diagnóstico e uma solução para o problema que viviam.

Diz a lenda que anteriormente haviam nove livros desses, e que quando foi compra-los de uma Sibila, o imperador Tarquínio recusou pagar o preço que ela queria por eles. Então essa Sibila, que além de vidente era meio trapaceira, queimou três deles na frente dele. Ele continuou recusando, ela queimou mais três. Daí ele pagou o preço que ela queria pelos três últimos…

As Tabuas Sibilinas foram consultadas pela última vez no ano de 363, porque os cristãos que dominaram o poder impediram de fazer isso daí para frente. Mas, escritos em grego, foram transcritos em várias línguas como etíope, árabe, e depois em latim no sec 13, apesar de só sobreviverem em fragmentos.

Existe um oráculo chamado Tabuas Sibilinas, mas ele não tem nada a ver com as Sibilas – a não ser, talvez, que elas tenham inspirado a autora desse oraculo. Com entidades poderosas assim, nunca se sabe…

A imagem é de Michelangelo, que pintou Sibilas inclusive no teto da capela Sistina.

Fonte: Da fera à loira, Marina Warner

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