Para as deidades dos ventos
As vezes violentas, as vezes suaves, sempre mobilizadoras, as deidades dos ventos como Iansã inspiram mudanças. Traduzi essa poesia do meu jeito, amorosamente amador. Imagem: The Wind’s Song’ de Susan Harrison Tustain.
Eu canto para o vento – Jennifer Lively
É fácil se perder aqui
de olhos fechados, guarda-chuva ao redor
de nossos frágeis humores,
esperando a tempestade.
Mas de vez em quando
eu tenho cantado para o vento,
o vento que desce das florestas das montanhas
onde dorme
sem se perturbar por nada disso
o vento que mora longe, no mar,
moldando as ondas.
Eu tenho cantado para o vento
e ele tem vindo,
envolvendo-me nas tranças de seus cabelos,
nos quais me seguro como finas vinhas
quando ele venta através de mim
e eu me lembro do que é
ser vento
violento e selvagem e sem medo
gemendo no alto de meus pulmões uma canção tão potente
que os fantasmas nada podem fazer
a não ser dançar
as flores nada podem fazer
a não ser olhar
e o dia retoma seu pulsar.
De vez em quando
eu tenho cantado para o vento.
De vez em quando eu me lembro
de cantar para o vento.