O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Tara, a deusa da compaixão

Nesses tempos tão violentos vamos nos lembrar de Tara, a deusa da compaixão e pedir a ela que nos abençoe e olhe por nós!
Tara é conhecida no budismo como a Mãe de Todos os Budas, a Grande Deusa Bondosa, a Que Protege de Todos os Medos, e também como a Senhora dos Barcos, aquela que salva os náufragos do oceano do samsara (ciclo do eterno nascimento-morte-renascimento) para a
outra margem, o nirvana (iluminação/libertação da roda do samsara).
Tara surgiu na Índia, mas é no Tibete que assumiu grande importância, sendo a divindade nacional do país, a Grande Mãe da Compaixão, o aspecto feminino de Buda. A origem do culto a Tara é descrita pelo lama tibetano Taranatha (1575–1634), escritor e historiador medieval, em seu livro de 1608 O rosário de ouro – A origem do tantra de Tara.
Ele conta que, em uma época muito antiga, um “eon” – o tempo entre o aparecimento e o desaparecimento de um universo –, havia uma princesa chamada Lua de Sabedoria, que era discípula do Buda Nga-Dra. Por dez milhões e cem mil anos ,ela realizou oferendas a esse iluminado e por essa devoção atingiu as mais altas realizações espirituais.
Foi dito a ela que, como recompensa por sua prática, ela ia renascer como homem, pois era
mais benéfico do que nascer mulher. Mas a princesa não aceitou, declarando que já havia muitos iluminados sob a forma masculina, que voltaria sempre na forma feminina em todas as suas encarnações e que continuaria a libertar os seres da ignorância e do sofrimento até
o final dos tempos.
Em outro mito, conta-se que Avalokiteshavara, o Buda da Compaixão, em profundo pesar pelos sofrimentos do seres no samsara, derramou infindáveis lágrimas, que formaram um lago. De lá emergiu uma flor de lótus. Quando a flor se abriu, Tara saiu de dentro dela, prometendo ao Buda aliviar o sofrimento de todos os seres sencientes (todos os seres que têm a capacidade de sofrer e de sentir prazer e felicidade).
Tara é dona de um ouvir atento, gentil, amoroso, compassivo: ouve todos os que sofrem. É conhecida por ajudar aqueles que a chamam em tempos tumultuados, auxiliando-os a seguir por um caminho mais claro, a fim de que encontrem o silêncio e a força interiores.
Seu mudra (gesto simbólico sagrado feito com as mãos) da mão direita é o de “dar-oferecer”, indicando sua habilidade para oferecer a todos os seres aquilo de que necessitam, enquanto a mão esquerda, na altura de seu coração, faz o mudra de “oferecer refúgio” – refúgio, no budismo, significa proteção.
No budismo tibetano há 21 formas diferentes de Tara ou 21 emanações de Tara. Na China, ela é identificada com Kuan Yin e, no Japão, com Kwannon.

Trecho do livro O LEGADO DAS DEUSAS

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