Uma gravidez inesperada – trabalho com sombra
Regina Rivas
Dunia la Luna, que trabalha com o feminino, fala sobre o que aconteceu com ela ao lidar com a sombra em uma entrevista de nosso livro Círculos de Mulheres – as novas irmandades. Ilustração de Regina Rivas
“Fui percebendo que todo mundo tem um grande universo sombrio dentro de si que aprende a repudiar, e assim negamos 50% de quem nós somos! O que diferencia a “pessoa normal” de um psicótico é que a “pessoa normal” consegue diferenciar quando um desejo ou um pensamento sombrio que se passa dentro dela não é algo saudável, ou que se realizasse a tal ação isso seria uma psicose. Muita coisa passa pelas emoções e pela cabeça, mas se olho para isso posso entrar nesse lugar em mim com consciência. Se não olho, posso nem realizar a ação de fato, mas sustento um campo para que isso aconteça fora. Então tenho de ficar íntima dessa sombra para ter capacidade de transmutar!
Comecei a me familiarizar com os mitos que falavam do encontro com as sombras, e o meu trabalho se transformou mais uma vez! Não dava para entrar em sala de aula, dar técnica de massagem íntima ou pélvica e simplesmente falar sobre sexo oral. O “Íntimo e Pessoal” começou a ser um processo de entrar em contato com aquilo que nos impedia de dar um passo a mais… A sexualidade é tão ampla!
Recebi o diagnóstico de ovários policísticos, e disseram que não tinha cura a não ser que eu tomasse hormônio. Não tomo hormônio; fazia tratamentos com ervas, acupuntura, e às vezes a menstruação vinha, às vezes não. Sonhei que estava grávida, que estava tendo um nenê, e esse desejo cresceu em mim, então fui fazer uma bateria de exames e para minha surpresa já estava grávida de três meses! Acredito que engravidei porque convergiu meu desejo com o momento propício de criação da vida”.
Fonte: Círculos de Mulheres, as novas irmandades – link no menu lateral
