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A deusa e sua ilha


Maia foi uma civilização mesoamericana muito antiga e duradoura (de 2 600 ac a 1697 dc), notável por seu nível de desenvolvimento. Os maias tinham uma complexa língua escrita, arte e arquitetura sofisticados, conhecimentos matemáticos e astronômicos avançados entre outras conquistas. Eles se espalharam por quase toda a mesoamérica, região que inclui os territórios do sul do México, a Guatemala, El Salvador e Belize e parte da Nicarágua, Honduras e Costa Rica. Hoje seus descendentes ainda formam populações consideráveis, especialmente no México e na Guatemala, mantendo algumas tradições e crenças, mescladas com as da pós-conquista espanhola.

Ixchel era a deusa maia das águas da vida, da fertilidade da terra, da medicina, da gestação e dos partos, da tecelagem e do ciclo vida e morte. Também era conhecida como “Senhora Arco-Íris” e “Caverna da Vida”.
Era uma deusa lunar, associada a Serpente, animal emblemático para essa tradição. E era representada muitas vezes de forma tríplice como são normalmente as deusas da Lua. Como jovem aparecia segurando um coelho, símbolo de fertilidade e abundância em diversas tradições. Como mulher madura era vista usando um antigo tear chamado tear de cintura. Como velha segurava um vaso – símbolo do útero – de cabeça para baixo de modo que as águas da criação pudessem estar sempre jorrando para a Terra, assegurando sua fertilidade. Era também representada de forma única como uma mulher com serpentes na cabeça no lugar de cabelos, serpentes que diziam, ela agitava quando enfurecida.

Havia templos dedicados a Ixchel em suas ilhas sagradas – as ilhas mexicanas Dcuzamil (hoje Cozumel) e Isla Mujeres – onde se realizavam cerimônias e rituais em sua honra. Conta a lenda que a Isla Mujeres era habitada somente por suas sacerdotisas, que eram frequentemente consultadas sobre vários assuntos por serem consideradas verdadeiros oráculos da deusa. Em peregrinação, partindo do porto em barcos, as mulheres maias antes de se casar, dirigiam-se a estes santuários para pedir fertilidade em seus casamentos, em rituais realizados em honra da deusa. Rogavam também que quando grávidas, pudessem ter uma boa gestação e um bom parto, livres de complicações. Como parte dos rituais depositavam nas praias da ilha, esculturas em forma de mulheres em honra a Ixchel.
Quando os espanhóis chegaram a essa ilha no século XVI deram-lhe esse nome – Ilha das Mulheres – devido a existência de muitas dessas figuras votivas.
Em Isla Mujeres, hoje um ponto turístico mexicano, há um sítio arqueológico onde estão as ruínas de um templo dedicado a Ixchel, além de uma escultura em sua honra.

Trechos do livro O LEGADO DAS DEUSAS 2

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