A ilusão do totalitarismo masculino
Quando não conseguem resolver os problemas sociais apela-se para mitos autoritários, diz Riane Eisler em seu livro referencia. O feminino é desvalorizado e o totalitarismo é buscado como uma ilusória segurança.
“Quando seus líderes eleitos não conseguem resolver problemas econômicos, sociais e políticos, as pessoas buscam outros capazes de fornecer respostas. Na mentalidade androcrática, que valoriza acima de tudo todas as supremacias, equiparando direito e poder, essas respostas costumam equivaler à violência e ao domínio dos homens fortes.
(…) Já se sugeriu muitas vezes que o grande apelo psicológico de um futuro totalitário reside em sua promessa de um “líder forte”, o qual, como o “pai poderoso” da infância, “cuidará de tudo”, em troca de obediência fiel. Sem dúvida, a mente condicionada a se submeter à autoridade masculina inclinar-se-á a voltar-se para essa “proteção” em tempos de crise. Mas há outro motivo para o forte apelo — e grande perigo — do totalitarismo moderno.
(…) Uma importante lição a ser aprendida com a ascensão do totalitarismo moderno é a de que pode constituir erro fatal subestimar o poder do mito. A psique humana parece ter uma necessidade intrínseca de um sistema de histórias e símbolos que nos “revelem” a ordem do universo e nos diga qual o nosso lugar dentro dessa ordem. É uma fome de significado e objetivo que está aparentemente além do poder de qualquer sistema racional ou lógico”.
Fonte: O cálice e a espada, Riane Eisler