Famílias toxicas, famílias acolhedoras e a deusa Héstia
A expressão “família toxica” é nova mas a ideia é muito antiga. Para os gregos, a família era guardada pela deusa Héstia que se encarregava de manter acesa a chama do afeto e união. No texto abaixo a psicologa Connie Zweig chama de “família voltada para a alma” aquela que Héstia está presente e ajuda a identificar a família onde ela não está e as pessoas acabam se escondendo umas das outras por falta de apoio.
“Uma família voltada para a alma honra as diferenças individuais e, ao invés de reprimir, pode até acolher o conflito de forma proveitosa para todos. Encoraja o aprendizado e a exploração de novas atitudes, sentimentos e habilidades, em vez de imitações e conformidade. Trabalha unida para enfrentar os desafios, e se diverte junta para compartilhar da alegria. A alma familiar cria um espaço psíquico seguro no qual se pode fazer o trabalho com a sombra, e recarregar a alma individual.
A alma familiar está ligada à deusa virgem Héstia, que simboliza o braseiro ou fogão, cujo fogo é o centro do lar, da cidade e da terra. Não existem mitos sobre Héstia, ela simplesmente fica de pé, firmemente, na porta do lar, espalhando calma, proteção e dignidade. Ela transforma uma casa em um lar, em uma moradia, onde os membros da família podem sentir que suas naturezas são aceitas.
Quando o fogo de Héstia se apaga, como aconteceu em tantos lares de hoje em dia, não há mais lugar para a alma familiar, não há mais a calma que se irradia do centro. Em vez disso, a ordem pode ser imposta a partir de qualquer direção, criando uma fachada de união. … E começam a agir uns com os outros de forma habitual, mecanicamente, perdendo honestidade e vitalidade.
Inconscientemente, temem arriscar serem desmascarados, porque seus sentimentos seriam inaceitáveis para aqueles de cuja aceitação dependem. Têm medo de arriscar a não conformidade, porque seriam envergonhados e punidos. Por fim, acabam achando que precisam se esconder daquelas mesmas pessoas que poderiam estar oferecendo-lhes aceitação”.
Fonte: O jogo das sombras, Connie Zweig