O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Indicação de livro: Sem gentileza


“Sem gentileza” foi escrito pela sul africana Futhi Ntshingila. Conta uma história forte onde se misturam pobreza, violência especialmente contra meninas e mulheres, o flagelo da AIDS e desigualdades sociais. São três personagens femininas fortes: Zola e Mvelo, mãe e filha e Nonceba. Suas vidas se entrelaçam e ao mesmo tempo em que vivem coisas bem difíceis são personagens com muito poder interno. Gostei do livro, mas não achei ele tão bom literariamente quanto outros que venho lendo nessa jornada. Mesmo assim recomendo sua leitura porque as três personagens femininas retratadas são bastante ricas em diferentes nuances e também traz um panorama da realidade de parte da África do Sul.

Segue a sinopse: Em meio ao apartheid, nos guetos da África do Sul, mãe e filha precisam sobreviver em um ambiente marcado pela pobreza e pelo medo da aids. Este romance traz uma história de superação de cruéis adversidades, mas também conta a trajetória de libertação pessoal de uma mulher orgulhosa e de uma menina que se torna adulta cedo demais. Diante de uma sociedade machista que tenta anular suas existências, Zola e Mvelo lutam para que suas vozes sejam ouvidas. “Sem gentileza é uma leitura cativante e intensa que retrata a maneira como diferentes personagens oscilam entre o alívio e o desencanto conforme se relacionam uns com os outros. A trama extrapola os limites de raça, classe e fronteiras.” Reneilwe Malatji “Em uma época em que o feminismo mal tinha palavras às quais se agarrar, Zola mantém-se sólida e determinada a seguir seus próprios princípios. E, se olhamos com atenção, encontramos em Mvelo a infância que, roubada tão precocemente, se fez durar um pouco mais ao subsistir na inocência de uma garota que se alimenta de esperança. Dispostas a abrirem mão da própria felicidade, essas mulheres só podem deixar à geração seguinte a crença em um futuro melhor, mesmo que seu único recurso seja contar com forças quase sobrenaturais. Nesse ponto, apesar de serem numerosas as diferenças, é possível traçar paralelos entre as realidades e as literaturas sul-africana e latino-americana. Aqui e lá, estão a resiliência, a força e o fato de, quando a vida se torna insuportável, somos capazes de recorrer ao mágico. Enquanto a Colômbia nos deu García Márquez e seu realismo maravilhoso, Moçambique nos brindou com Mia Couto e o fantástico, Futhi Ntshingila levanta sua voz com uma espécie de realismo místico no qual os espíritos ancestrais ainda são capazes de modificar o mundo. Em uma narrativa polifônica que se multiplica ao avançar, Sem gentileza nos permite conhecer mais de uma mulher, mais de uma África e mais de um tempo, um mosaico bem amarrado por firmes cordas de coragem.” Julia Dantas

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