Livro para as férias ou dar de presente: A Rainha dos Sonhos
“Uma vez, minha filha veio a mim chorando, e não pude ajuda-la. – Você não me ama, acusou-me ela depois. Você faz isso para todo mundo, mas não quer fazer para mim. Os avisos das anciãs voltaram para mim: Ajude menos a quem mais ama. Você será derrotada pela consanguinidade. Pensei: o que essas velhas secas sabem do amor? (…) Nessas páginas, posso confessar o que nunca lhe disse. Foi um desapontamento para mim também o fato de ela não saber decifrar sonhos”.
Assim fala em seu diário uma mãe cujo dom – cuja bliss – é sonhar e decifrar sonhos alheios: “nosso trabalho é sonhar”. Ela mesma um enigma, A Rainha dos Sonhos é a mãe indiana de Rakhi, que pressente a própria morte e se vai tão misteriosamente quanto viveu.
Rakhi então parte em busca de entender a vida passada dessa estranha mãe e suas próprias origens indianas enquanto lida com a filhinha, com um caso de amor mal resolvido, com seu pequeno café e com a carreira de artista.
Ufa. Nós mulheres e nossas mil atribuições – e ainda em jornada, como essa personagem de Chitra Banerjee Divakarrumi, que também é autora do best seller A Senhora das Especiarias.
Um livro muito feminino, não perfeito mas que me prendeu a atenção. Primeiro por retratar bem a quase sempre contraditória relação mãe e filha, e depois pelo seu jeito de lidar com sonhos. A mãe (atenção: spoiler) vem de uma confraria feminina que os trata como o que penso que são: pequenas (as vezes grandes) iniciações noturnas. E que infelizmente nós geralmente desprezamos ou nos acostumamos a esquecer.