Mulheres exaustas por excesso de tarefas: isso também é abuso
“Quem tem de saber se tem alface na geladeira? Quem tem de saber se os meninos precisam levar não sei o que para a escola? São sempre as mulheres, não importa quanto trabalham fora de casa. Nós, mulheres, hoje temos a irritabilidade como pano de fundo”, disse a psicóloga Marisa Sanabria na entrevista que nos deu para o livro Círculo de Mulheres – as novas irmandades (link no menu). O excesso de tarefas também é um abuso que permitimos, assumimos ou não sabemos como nos livrar.
“Eu acho que são muitas as dores do Feminino. Por exemplo, as dores do abandono. O abandono de quem quer que seja, do pai, da mãe, do marido. A sensação de abandono é extremamente palpável para muitas mulheres. E as dores do abuso… E o abuso não precisa necessariamente ser sexual ou de violência. Há muitas formas de abuso, o abuso dos homens da família em relação às mulheres, do autoritarismo, da prepotência, dos abusos patrimoniais.
E tem o abuso em relação à falta de repouso das mulheres. As mulheres não descansam; eu mesma passei anos sem descansar. Eu também trabalhei 14 horas por dia, não sabia descansar. Só estou aprendendo agora, aos 63 anos… Estou me permitindo dizer: “Ah, vou bordar, vou ficar assistindo a uma bobagem aqui na televisão, vou ler uma revista, vou olhar para o nada…”
Nós, mulheres, temos de aprender a nos dar o direito ao descanso. Os homens desde sempre se dão esse direito, sem problema nem culpa. Nós não, ficamos nos justificando: “Bom, já cuidei dos meus filhos, a casa está em ordem, já fiz as compras da semana, entreguei o trabalho para meu chefe, redigi aquele artigo etc., então posso descansar”. Como se precisasse de permissão! E, se descansa, acha que não está fazendo nada e sente culpa.
Na verdade, a civilização patriarcal joga toda a responsabilidade da estrutura familiar em cima da mulher. Quem tem de saber se tem alface na geladeira? Quem tem de saber se a conta de luz está vencida? Quem tem de saber se os meninos precisam levar não sei o que para a escola? São sempre as mulheres, não importa quanto trabalham fora de casa. Nós, mulheres, hoje temos a irritabilidade como pano de fundo.
A mulher contemporânea é uma mulher entristecida, uma mulher estressada, uma mulher adoecida, e tudo isso tem que ver com a exaustão. Tem que ver com o excesso de trabalho, de exigência e de busca de perfeição em tudo que fazemos, “em segurar muitos pratos ao mesmo tempo sem deixar nenhum cair”, em emendar uma coisa na outra”.
É a família do Homer Simpsons. Até hoje me intriga o porquê a Margie não se separou. O que a faz ficar com ele? Se sustentar, não ela conseguiria. Os filhos, ele nunca ajudou. Amor por ele? Ou a falsa esperança de que ele vai mudar pq no fundo ele é bom e ela se contenta com pouco?
Ou tudo isso e mais a crença inconsciente ou consciente de que melhor com ele, pior sem ele?
Sim e verdade, nos mulheres temos dupla jornada todos os dias!!!!e nem mesmo nos finais de semana temos a ajuda necessária!somos fortes mais tb temos o direito de sentir so,desprotegida……
Não existe folga no trabalho feminino desvalorizado… Nós mesmas temos que nos proteger, nos unir, nos entender e acolher