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Sobre o silenciamento das mulheres


Embora comumente se diga que as mulheres falam demais, na verdade fomos silenciadas pelo patriarcado. Nossas falas são consideradas pouco importantes e muitas vezes nem sequer levadas em conta, mesmo quando falamos de nós mesmas e de nossas questões. É como se fôssemos “café com leite”, expressão infantil para menor, mais fraco, aquele que não participa efetivamente das atividades.

Esse silenciamento é milenar! Telêmaco, na Odisseia, ordena que a mãe, Penélope, se recolha e pare de criticar um bardo que vem a sua casa.“Mãe, volta para seus aposentos e retome seu trabalho, o tear e a roca… Discursos são coisas de homem, de todos os homens, e meu, mais do que qualquer outro, pois meu é o poder nesta casa”, diz o filho de Ulisses, autoproclamado “chefe” da família (Beard, 2018, p. 16).

A jornalista e escritora americana Rebecca Solnit (2017, p. 27-62) diz que

há uma cultura que esvazia o lugar de fala das mulheres, deixando claro que as vozes dos homens contam mais do que as delas […] O silêncio é o oceano do não dito, do indizível, do reprimido, do apagado, do não ouvido. O silêncio é o que permite que as pessoas sofram sem remédio, o que permite que as mentiras e as hipocrisias cresçam e floresçam, que os crimes passem impunes. A história do silêncio é central na história das mulheres.

Trecho do livro CÍRCULOS DE MULHERES – as novas irmandades

 

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