O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Sofia e a nossa possibilidade de saber


As tradições religiosas judaica, cristã e islâmica talvez sejam as únicas do mundo que não têm uma representação divina feminina. A tradição gnóstica, apesar das suas possíveis raízes cristã e judaica, diferentemente vê a natureza do divino como uma díade: da parte masculina temos o Inefável, o Pai Criador Supremo e da feminina, a Graça, a Mãe do Todo. Juntos, emanaram todos os seres divinos que vivem na Plenitude, ou Pleroma. A Graça era também vista como Sofia, a Sabedoria Divina. Era dela que nascia a possibilidade humana de atingir a Gnose.
Contam que foi Sofia quem ajudou Eva e Adão em sua caminhada para a consciência. Foi com sua orientação, vinda através da serpente, que comeram o fruto da árvore do conhecimento. Com isso tornaram-se criaturas capazes de distinguir o bem do mal, desenvolveram a capacidade de perceber-se e saber sobre si mesmos e se apropriaram do livre arbítrio. Em outro relato, Sofia é a mãe de Eva que como filha da Sabedoria tinha sede pelo conhecimento e nunca aceitaria permanecer mergulhada em uma ignorância ingênua.
Essa versão alternativa sobre o Gênese vai na direção oposta à interpretação corrente. A expulsão do “Paraíso” vista não como um castigo pelo pecado da desobediência a uma ordem de Deus, mas como o início do caminho da humanidade rumo a uma consciência maior e mais madura, numa jornada de desenvolvimento. Se Deus exigia obediência cega dos humanos, a Divina Sofia os estimulava a aprender e andar pelas próprias pernas. É uma postura inegavelmente mais libertária e que simboliza uma crença muito maior em nossas potencialidades!
Os gnósticos, de forma poética, diziam que a Alma do Mundo nascia do sorriso de Sofia.

Trechos do livro O LEGADO DAS DEUSAS 2

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