O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

A deusa Ártemis – parte 2

Características de Ártemis:

Selvagem, não sente atração pelas cidades (como irmão Apolo), nem pelos prazeres da civilização / é uma deusa da natureza indomada.
Vive nas florestas virgens.
É uma deusa lunar /par com o gêmeo Apolo, o deus do Sol.
Ama a liberdade acima de tudo.

Diz dela a analista junguiana Ginette Paris:
“A imagem de Ártemis representa o lado selvagem de nossa psique, a parte que resiste muito a socializar-se e se recusa a ser domesticada. É essa parte que nos faz querer, em certos momentos de nossas vidas, a fugir de tudo, ouvir o vento soprando nas árvores, ou ouvir a voz interior”.
“Ártemis, ao contrário das deusas maternais, nos convida ao afastamento dos outros para nos tornamos autônomos”.

Vive na floresta acompanhada pelos animais selvagens e pelas as ninfas
Nunca pertenceu a homem nenhum
Representação da feminilidade completa em sim mesma e não por um relacionamento (Afrodite/amante; Hera/esposa; Demeter/filha; Atená/pai
É associada as Amazonas

E Jean Shinoda Bolen:
“Aos olhos do movimento feminista ela tinha as qualidades ideais, que eram a independência e o sentimento de irmandade”.
“(…) o movimento feminista (anos 70) foi liderado por mulheres que eram arquetipicamente Ártemis, a única deusa que veio em auxílio de sua mãe, que tinha mulheres como companheiras e preferia estar na selva. (…) ela personificava o arquétipo da irmã (…) sentia um profundo vínculo de irmandade com outras mulheres e com a mãe natureza”.

É a protetora de todas as fêmeas animais e todas mulheres em trabalho de parto (começou ajudando Leto, sua mãe no parto do irmão gêmeo)
É exímia arqueira e caçadora: “mata o que ama” / “ela tem um coração forte” – palavras tiradas de seu hino homérico
É também quem mata a mãe ou a cria com uma flechada certeira se vê um sofrimento desmedido ou se a vida não é viável.

Novamente Ginette Paris:
“A mulher dando à luz se esquece da própria cultura e é arrastada pela força primitiva que nela habita. As pessoas que têm conhecimento sobre parto sabem que há um momento – quando a cabeça do bebê passa pela cérvix – em que a voz da mulher torna-se áspera, como a de um animal, e os gritos parecem vir de outro lugar, de um passado animal. (…) a natureza indomada toma posse da mulher”.
“A função de Ártemis é preservar a pureza da vida. Ela guarda a vida, de modo a que não seja diminuída, ferida ou degradada; mas ela, que tem o poder de ajudar a mulher no parto, tem também o poder, por intermédio de sua flecha sibilante, de trazer a morte súbita”.

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