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A Deusa e as tradições da Páscoa


Ostara, também chamada de Eostre ou Eástre ou de “Madrugada Radiante” era a deusa saxônica-germânica da primavera. Os saxões formavam um conjunto de tribos que falavam a língua germânica e que viviam nas planícies do norte da atual Alemanha. Algumas dessas tribos migraram, ainda na Antiguidade, para a Escandinávia e outras, durante a Idade Média, para a Grã-Bretanha.

Ostara carregava um molho de chaves, um símbolo da sua capacidade de abrir o tempo mais luminoso e quente do ano e “trancar” a escuridão e o frio do inverno. Ela vinha no equinócio da primavera e se despedia no equinócio de outono.

Outros símbolos associados a essa deusa são as lebres e os ovos. Como Ostara, a deusa da fertilidade, a lebre é muito conhecida por seu poder procriador e o ovo sempre esteve associado ao começo da vida.
As lebres, nessas regiões, vivem a maior parte do tempo frio em hibernação em tocas feitas embaixo da terra, mas no final de março e começo de abril, saem delas e correm e saltitam nos campos, anunciando a primavera e saudando a deusa. Ostara gosta tanto das lebres que entalhou uma figura dela na Lua para que todos possam vê-la.

O regresso do tempo ameno da primavera fazia com que os saxões realizassem festivos rituais nos campos ao ar livre para honrar e celebrar Ostara. Neles enfeitavam as árvores com ovos pintados com muitas cores, como símbolo da fertilidade, da germinação, da renovação da natureza e da sorte. Também era tradicional haver a troca dos ovos pintados, que serviam de presentes para parentes e amigos.

Durante esses festivais era costume que as mulheres assassem pães e roscas em forma de lebre para oferecer a deusa e assegurar a fecundidade feminina e o nascimento abençoado das próximas gerações. Havia também uma espécie de procissão onde as pessoas desfilavam com as cabeças enfeitadas com guirlandas de flores e tocando sinos, saudando a deusa.

Curiosamente, alguns de seus símbolos foram incorporados no cristianismo e mesclados na comemoração da Páscoa Cristã, que acontece no hemisfério norte próximo ao equinócio da primavera, mas sem qualquer menção a essa antiga tradição pagã ou a sua deusa. Inclusive para demonstrar essa relação, uma das denominações de Ostara, Eástre sobreviveu na língua inglesa como Easter/Páscoa.
Pensemos no hábito amplamente disseminado no ocidente de nessa época haver a troca e/ou distribuição de ovos de chocolate e na história contadas às crianças deles serem trazidos pelo “Coelho da Páscoa”. Essa tradição não parece ter qualquer relação com a simbologia ou a ritualística cristã. Agora, quando pensamos em Ostara, podemos refletir sobre a real origem desses costumes…

Trechos do livro O LEGADO DAS DEUSAS – volume 2

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