O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

A menina que é filha dileta da Deusa: Monika von Koss

Fiz esses contos com intenção de “traduzir” para a linguagem mitológica alguns aspectos da vida real da mulher entrevistada no nosso livro O feminino e o sagrado: mulheres na jornada do herói.
Então, para esclarecer os que ainda não leram o livro e relembrar a quem leu, antes do conto há um pouco da biografia da pessoa a quem se refere.

As conversas com Monika foram realizadas em seu local de trabalho, chamado Espaço Caldeirão, situado numa pequena rua da Vila Madalena. Na ampla sala, aberta para o jardim gramado, há uma grande estante com estatuetas e inúmeros livros sobre a Deusa em diferentes línguas.
Alta, magra, Monika é objetiva, franca e acolhedora; à medida que se descontrai, sorri mais e seu rosto severo fica mais doce. Nascida na Alemanha, naturalizada brasileira, ela é psicoterapeuta, divorciada, sem filhos.
Órfã de mãe aos três anos de idade, o seu encontro com a Deusa-Mãe, em todos os seus aspectos, sempre esteve na base da sua busca.
Monika escreveu cinco livros sobre o feminino e as deusas, e é referência sobre esses assuntos no meio psicológico e no de pessoas que trabalham com o simbólico e o mitológico.

Um dia, a Grande Deusa desejou voltar a se manifestar na Terra em toda Sua plenitude.
Desejou que suas filhas novamente A procurassem, de modo que cada uma pudesse se ver Nela, e Ela pudesse se ver em cada uma, multiplicando-se assim em todas as mulheres.
Para cumprir essa missão, escolheu uma de suas filhas mais queridas.

Quando a menina nasceu, Ela lhe deu três dons: coragem, intuição e inteligência.
E tirou-lhe todas as outras mães.
Tomou-lhe a mãe biológica, e a garota ficou órfã.
Sua única mãe seria a Deusa.
Tirou-a de seu país de nascimento, e a garota ficou sem a mãe-patria.
Sua pátria deveria ser todas as pátrias.
Desenraizou-a de qualquer tradição e língua.
Suas línguas seriam todas as línguas, suas tradições seriam todas as da Grande Mãe.
Tirou-lhe muitos afetos – seu grande afeto seria a Deusa.

Por isso, sentindo uma nostalgia que ainda não sabia ser saudades da Mãe, a menina teve uma infância solitária.
Quando cresceu, ela encontrou um príncipe, mas não permaneceu muito tempo em seu castelo.
Encontrou uma religião, mas não permaneceu tempo muito em seu templo.
Encontrou um ofício, mas não permaneceu muito tempo em sua confraria.
Não poderia mesmo permanecer em nada disso, porque ainda era hora de peregrinar por muitos países e caminhos.
Sem saber, essa moça estava traçando um mapa da Deusa, que se manifesta através da dor e das rupturas, mas também do amor e dos recomeços.

Assim, ela passou por ciclos de rupturas e recomeços, até o dia em que chegou numa terra feminina, de linhagem celta, onde antigos cultos à Deusa permanecem vivos em círculos de pedra.
Em seu solo, em suas arvores e montanhas, sentindo que a energia ali emanada era semelhante á da sua própria alma, finalmente a moça encontrou a Mãe.
E nunca mais a perdeu.

Daí em diante, e até os dias de hoje, a moça cumpre sua missão de fazer conhecer e amar as múltiplas manifestações da Deusa, em cada tradição de sabedoria e em cada mulher que A espelha e a quem Ela reflete.

1 comentário

  1. Lindo, lindo Cris e Bia.
    Como vocês retratam bem na história a história.
    Regina Figueiredo.

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