O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

ÁRTEMIS, a Uma-em-Si

Seu mito 

Na verdade, Ártemis tem e participa de inúmeros mitos gregos e o que vou contar aqui é somente o mito de seu nascimento e de seu primeiro encontro com o pai, Zeus.

 Zeus que foi casado com a deusa Leto antes de casar com Hera a engravida de gêmeos. Hera, com medo do poder dessas duas crianças divinas impede Leto que dê a luz em qualquer terra firme e ela fica vagando de lugar para lugar, grávida. Mas, Poseidon com pena dela, lhe permite ficar na ilha de Delos. 
Lá chegando, Leto rapidamente dá a luz a Ártemis, que depois ajuda a mãe por 9 dias e 9 noites no trabalho do parto de seu irmão gêmeo Apolo. Com 3 anos, os gêmeos são levados por Leto para conhecer o pai, Zeus. Encantado pela beleza da filha, Zeus lhe diz que pode pedir a ele tudo o que quiser que será lhe concedido. Ártemis então lhe pede: aljava, arco e flexas, uma matilha de cães selvagens, as montanhas e as florestas virgens, ninfas para acompanhá-la em suas aventuras, uma túnica suficientemente curta para poder correr sem impedimento e o direito de não pertencer a homem nenhum. Apesar de surpreso, Zeus lhe concede todos seus pedidos. 
Se torna deusa da caça e da lua e ao mesmo tempo a protetora da fauna e da natureza selvagem. É também a deusa que rege os partos. Ela ama estar livre, na natureza, em companhia dos animais. 

O que Ártemis pode nos ensinar 

Em primeiro lugar, sobre a importância capital, especialmente hoje, de respeitar o que resta da natureza selvagem em nosso planeta tão ameaçado. De vermos nosso planeta como nossa Mãe Terra. Diz também sobre a urgência de resgatar o respeito a nossa própria natureza feminina “selvagem”que nos faz cíclicas e nos traz os mistérios do sangue -menarca, menstruação, gravidez, aborto, parto, menopausa – tão negligenciados e até considerados vergonhosos por tantas dentre nós mesmas, mulheres. É preciso reconhecermos que existem lugares “virgens” na natureza e dentro de nós mesmas que são espaços a serem reverenciados e não explorados. É ao nos sentirmos “filhas” dessa mãe Terra e ao mesmo tempo suas protetoras que honramos sua dimensão Sagrada e a de nós mesmas. 

Ártemis, além disso, também nos lembra sobre a dignidade de ser uma-em-si-mesma. De ter nosso senso de valor focado na gente mesmo e não centrado em ter um parceiro, falácia em que caem tantas mulheres. Conta da solidão plena de presença quando estamos na companhia da gente mesma. E, nos encoraja a buscar a liberdade de ser, independente do julgamento dos “outros”, esse seres muitas vezes abstratos, mas que permitimos que rejam nossas vidas. Ártemis fala da beleza do gostar de si, sem soberba ou arrogância, mas com alegria e apreciação. 

 Texto de Cristina Balieiro
Esse artigo foi publicado anteriormente no site http://www2.uol.com.br/vyaestelar – na categoria A MULHER E O MITO, na qual escrevo quinzenalmente.

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