O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Cantando a própria canção

Clarissa Pinkola descreve em poucas palavras um processo de descoberta da própria canção

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“As pessoas fazem meditação para conseguir um equilíbrio psíquico. É por isso que se faz psicoterapia e análise. É para isso que os seres humanos analisam seus sonhos e criam arte. É por isso que muitos consultam o tarô, o I Ching, dançam, batucam, fazem teatro, arrancam poemas das entranhas e criam a oração iluminada. É por isso que fazemos tudo o que fazemos. Trata-se da tarefa de reunir todos os ossos. Em seguida, devemos nos sentar diante do fogo para decidir qual canção usaremos para cantar sobre os ossos, que hino da criação, que hino da recriação. E as verdades que dissermos formarão a canção.

Existem algumas boas perguntas a fazer enquanto decidimos qual será a canção, nosso verdadeiro canto. O que aconteceu com a voz da minha alma? Quais são os ossos enterrados na minha vida? Em que condições está meu relacionamento com o Self instintivo? Quando foi a última vez que corri livremente? Como posso fazer com que a vida volte a ter vida? Para onde foi La Loba?

Na história, a velha canta sobre os ossos e, enquanto ela canta, a carne começa a recobri-los. Nós também “nos tornamos” à medida que derramamos a alma sobre os ossos que encontramos. Enquanto vertemos nossos anseios e nossas mágoas sobre os ossos do que costumávamos ser quando jovens, do que tínhamos conhecimento há séculos, e sobre a aceleração que pressentimos no futuro, ficamos de quatro, inabaláveis. À medida que derramamos a alma, somos revitalizadas. Não somos mais uma solução fraca, algo de frágil que se dissolve. Não. Estamos no estágio da transformação em que estamos “nos tornando””.

Fonte: Clarissa Pinkola Estés, Mulheres que correm com os lobos, Ed Rocco

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