O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Como silenciar uma mulher, como recuperar sua voz

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Minha amiga Ana Gibson traduziu esse maravilhoso poema da Clarissa Pinkola Estés, tão adequado aos dias atuais: 
“Como silenciar uma mulher: como recuperar sua voz 
Quando alguém disser, “Estamos falando a mesma coisa”.
Diga, “Não estamos falando a mesma coisa”.
Quando alguém disser, “Não questione, apenas tenha fé”.
Diga, “Estou questionando, cara, e tenho uma fé suprema naquilo que penso”.
Quando alguém disser, “Não desafie a minha autoridade”.
Diga, “Eu obedeço a uma autoridade maior”.
Quando alguém disser, “Suas ideias são sedutoras”.
Diga, “Não, minhas ideias não são sedutoras, são substanciais”.
Quando alguém disser, “Suas ideias são perigosas”.
Diga, “É, ideias são perigosas e por que está com tanto medo, homem ou mulher?”
Quando ouvir, “Não é factível”.
Diga, “Será feito”.
Quando ouvir, “É imaturo”.
Diga, “Toda vida começa pequena e devemos permitir que ela cresça”.
Quando ouvir, “Não é bem pensado”.
Diga, “É muito bem pensado”.
Quando disserem, “Você está extrapolando”.
Diga, “E você, cara, está se segurando”.
Quando disserem, “Você está sendo sentimental”.
Diga, “É claro, minhas emoções são muito bem equilibradas; o que aconteceu com as suas?”
Quando disserem, “Você não é coerente”.
Diga, “Eu não sou incoerente, eu sou a coerência”.
Quando disserem, “Não entendo por que está chorando”.
Diga, “Não se iluda, sou capaz de chorar e ser feroz ao mesmo tempo”.
Quando disserem, “Não entendo por que está tão brava”.
Diga, “Você não me ouviu quando eu fui simpática, gentil ou me calei”.
Quando alguém disser, “Você não entende o xis da questão”.
Diga, “Eu entendo o xis da questão, mas você aparentemente não entende a minha questão – do que tem tanto medo?”
Quando alguém disser, “Você está infringindo as regras”.
Diga, “É, estou infringindo as regras”.
Quando alguém disser, “Não é prático”.
Diga, “É praticamente certo, muito obrigada”.
Quando ouvir, “Ninguém vai fazer isso, acreditar em você ou mesmo seguir isso”.
Diga, “Eu vou fazer, eu vou acreditar e, com o tempo, o mundo pode muito bem seguir isso”.
Quando ouvir, “Ninguém quer escutar isso”.
Diga, “Sei que você tem dificuldade em ouvir isso”.
Quando ouvir, “O sistema é fechado, é impossível mudá-lo.”
Diga, “Vou bater duas vezes e, se não obtiver resposta, então vou derrubar as portas desse sistema e ele mudará”.
Quando ouvir, “Vão ignorá-la”.
Diga, “Não vão me ignorar, nem as centenas de milhares que estarão do meu lado”.
Quando disserem, “Isso já foi feito”.
Diga, “Não foi suficientemente bem feito”.
Quando disserem, “Ainda não chegou a hora”.
Diga, “Já passou e muito da hora”.
Quando disserem, “Não é o dia certo, o mês certo, o ano certo”.
Diga, “O ano certo foi o ano passado, o mês certo foi o mês passado e o dia certo foi ontem e você, cara, está atrasado, e, por tudo quanto é mais sagrado, que providência você vai tomar?”
Quando disserem, “Quem você pensa que é?” —
Diga-lhes …
diga-lhes quem você é e não se segure.
Quando disserem, “Eu tive que aguentar, você vai ter que aguentar também”.
Diga, “Nã-nã-ni-nã-não”.
Quando disserem, “Sofri muito e você tem que sofrer também”.
Diga, “Nã-nã-ni-nã-não”.
Quando disserem, “Você é uma mulher incorrigível, provocadora, difícil de conviver, irracional …”
Diga, “Sou tudo isso e tem mais – estamos ensinando nossas filhas, nossas mães e nossas irmãs …
Estamos ensinando nossos filhos, nossos pais e nossos irmãos,
a serem exatamente como nós”.
Clarissa Pinkola Estes – tradução Ana Gibson

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