O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Continuar sendo quem se é mesmo como mãe


Toda mulher que tem um filho por sua livre e espontânea vontade deve buscar ser uma mãe “boa o suficiente” como preconizava Winnicott. Mas boa mãe a seu modo, cada uma do seu jeito, cada uma como consegue exercer esse papel de acordo com sua essência. E é só isso que é possível e não tem nada errado nesse fato.
Claro que há responsabilidades inerentes ao exercício da maternidade: cuidar, dar afeto, educar, proteger, lutar para assegurar que os filhos tenham o suficiente para crescerem de uma forma saudável, passar valores dignos. Mas é importante frisar, isso não é só dever da mãe, o pai é tão responsável por isso quanto ela. E também os avós, os padrinhos, tios, professores…enfim, todos que amam e cuidam da criança.

E mesmo no exercício desses deveres fundamentais, como cada mãe é única na sua essência e personalidade, essa singularidade deve ser refletida na forma de exercer a maternagem. Aliás, isso começa já na gestação e no parto – existem as questões comuns a essas experiências óbvio, mas elas também devem ser, em parte, uma vivência particular, individualizada. É a gestação daquela mulher específica, é o seu parto e cabe a cada uma viver isso como verdadeiramente deseja e consegue, aceitando como a experiência é para ela.

Como mães temos que continuar sendo nós mesmas e não nos forçando a encaixar num modelo de mãe idealizada, o que só traz tensão, insegurança e desconforto. Na verdade, se podemos dizer algo que acaba sendo comum a quase toda mãe, é o sentimento de culpa e frustração por não conseguir seguir a receita de mãe padrão, perfeita e irreal “vendida” por essa cultura opressora. Um sentimento ruim, improdutivo, que só gera sofrimento e angústia nas mulheres e baseado em falsas premissas.

Na verdade, a melhor coisa que fazemos para nossos filhos além dos cuidados, do afeto e da educação é, em nossos momentos de convivência mais soltos, buscarmos compartilhar coisas que ambos temos o prazer de fazer juntos, porque aí sim, serão realmente bons momentos.
Se de fato gostamos de desenhar juntos, ou de brincar de correr, andar de bicicleta, contar e ouvir histórias, ouvir música, brincar de teatro, jogar videogame, cozinhar, fazer roupinhas para as bonecas, conversar, ir ao cinema, brincar no parque, visitar museus, cantar e dançar, nadar, ou seja não importa o que, é isso que devemos compartilhar. Fazer algo com nossos filhos que também nos dê prazer proporciona momentos inestimáveis para eles. Inestimáveis porque é bom para nós também e eles sentem isso. A criança e nós estamos presentes fazendo juntas o que gostamos e com apreço verdadeiro na companhia uma da outra: isso cria momentos de calor humano, afeto, carinho, diversão, alegria.

Trechos do livro O LEGADO DAS DEUSAS 2

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