O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Falando um pouco de Campbell – parte 1


Neste post vou falar de Joseph Campbell, outro de nossos mestres.
Ele nasceu nos Estados Unidos em 1904 e foi um dos mais importantes estudiosos de mitologia comparada.
Campbell desde menino era fascinado por histórias, especialmente os mitos dos índios norte-americanos.
Fez graduação e mestrado na Universidade de Colúmbia e ganhou bolsa de estudos para estudar na Europa, em1927, onde entrou em contato com a arte moderna e os trabalhos do Freud e do Jung.

Voltou aos Estados Unidos em 1929, em plena Depressão. Desistiu de terminar seu doutorado, mas estava muito difícil arrumar emprego pelas condições econômicas do país. Tendo algum dinheiro que ganhou como músico numa banda de jazz, se recolhe numa cabana em Woodstock e passa os próximos 5 anos basicamente lendo e lendo aquilo que escolhesse, o que lhe vale uma cultura muito ampla e generalizada!

Em 1934 começa a lecionar numa faculdade só para mulheres e aí permanece professor por 38 anos, até se aposentar.
Morreu em 1987 e, especialmente nos últimos anos de sua vida dedicou-se a popularizar, através de palestras a públicos leigos e especialmente numa série de entrevistas que deu para a televisão, o Poder dos Mitos!

Campbell vê os mitos como conhecimento vital e, imprescindíveis para a vida humana. Considerava que qualquer povo ou qualquer pessoa que não tivesse contato consciente com a dimensão mítica teria uma vida cultural e psíquica pobre. Dizia que mitos não são mentiras e nem podem ser vistos como verdades literais – mitos são metáforas das grandes e constantes questões humanas.
Assim como Jung, aliás em quem muito se baseia, vê os mitos como imagens arquetípicas e por isso, não importa de que época, cultura ou povo, eles trazem muitos elementos em comum, pois falam do humano que existe em todos nós.

No primeiro volume da sua grande obra – As máscaras de deus – ele diz:
“O estudo comparativo das mitologias nos compele a ver a história cultural da humanidade como uma unidade, pois achamos temas como o roubo do fogo, o dilúvio, a terra dos mortos, o nascido de uma virgem e o herói ressuscitado presentes no mundo todo – aparecem em toda parte sob novas combinações e se repetem como elementos de um caleidoscópio”.

Ele dizia que, mais que com seus estudos acadêmicos, foi com suas alunas que aprendeu a lidar com a mitologia como conhecimento vivo. Ele conta:

“Fui forçado por elas a considerar o material dos meus estudos a partir do ponto de vista feminino. E esse ponto de vista tinha a ver com: “O que esse material significa para a vida? Eu não me importo que esse mito tenha ou não ocorrido aqui, ali ou acolá – o que ele significa para mim”. (…) O lado sério do magistério dirigido às mulheres quando eu ensinava mitologia deriva do fato de que elas não me deixavam refugiar em nenhum tipo de nicho acadêmico. Elas queriam sempre que o material de relacionasse com elas, com a vida. Atribuo a popularidade dos meus escritos a esse treino que tive com as alunas”.
Ou seja, via os mitos como algo vivo, que constantemente tem que ser reinterpretados e atualizados em seu simbolismo, para quem possam ser metáforas significativas para pessoas reais hoje!

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