Inana, mito para a coragem da mudança de agora
Segundo Joseph Campbell, nos mitos estão os elementos do nosso destino humano. O mito da deusa suméria Inana pode nos inspirar a passar pela situação que estamos vivendo agora.
A deusa Inana teve que descer ao temido mundo inferior da morte e das trevas, a versão sombria da vida na Terra. Ela se preparou usando tudo do melhor e mais poderoso que possuía: um rico turbante, peruca, peitoral de ouro, miçangas sobre os seios, vestido suntuoso, maquiagem caprichada, colar precioso, anel dourado e a haste de lápis-lazúli.
Depois bateu à porta dos infernos e pediu para entrar.
Seguindo as ordens de Ereshkigal, a rainha do submundo, no umbral o porteiro a tratou segundo os “ritos antigos”. Isso significa que ele foi abrindo um portão de cada vez, e em cada portão Inana foi forçada a deixar uma peça de roupa.
Estava nua quando finalmente passou pelo sétimo portão.
Daí, com raiva ela se jogou contra a rainha, que em vingança a colocou numa prisão e desencadeou sessenta doenças contra ela. Inana aparentemente morreu, e sua morte fez com que toda atividade sexual, de reprodução e procriação da Terra cessassem.
Então Ea, o deus da sabedoria e da cultura, enviou um emissário exigindo que Ereshkigal lhe desse a água da vida e borrifou Inana com a água. Ela voltou à vida e atravessou os portais de volta, recebendo o objeto que tinha deixado em cada um. Inana retornou ao mundo superior totalmente paramentada e vitoriosa e a Terra voltou a ser fértil.
Inana teve que se despir do que possuía como nós estamos tendo que desapegar de coisas importantes, de certas seguranças, da liberdade de movimentos e de muito mais. Mas Inana voltou transformada, em plena majestade, e a Terra retomou a vida. Esse é o mais antigo mito de metamorfose que se conhece, vindo de muitos milênios atrás para falar conosco hoje.