O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Tenho uma história curiosa com esse livro Uma carta tão longa, da senegalesa Mariama Bâ. Ele me foi indicado por uma pessoa que foi minha paciente e morava na época na África, mais precisamente em Gana. Mas o livro não tinha sido traduzido e só existia em francês e meu francês é só um quebra-galho, não dá para ler literatura. Alguns anos depois minha editora, a Lizandra contou numa rede social que a Editora Jandaíra estava traduzindo e iria lançar o livro no Brasil: fiquei super empolgada! Mas nessa altura já havia feito minha jornada literária pelas escritoras contemporâneas da África subsaariana (já havia lido cerca de 40 romances) e tinha ficado absolutamente encantada pela literatura de muitas delas. Li agora, depois dessa intensa viagem  literária, Uma carta tão longa. O que posso dizer? Gostei do livro, mas não amei. Talvez a expectativa muito alta acabe atrapalhando. Mas é bem escrito, de leitura fluida e a personagem principal Ramatoulaye é de uma integridade e fidelidade a si mesma admiráveis. E o projeto gráfico do livro é lindo, como costuma acontecer com os livros da Jandaíra:  por tudo isso indico sua leitura.

Segue a sinopse: Primeiro livro da escritora senegalesa Mariama Bâ, Uma carta tão longa é um romance epistolar com características autobiográficas que tematiza a condição das mulheres muçulmanas no Senegal através de uma carta que a viúva Ramatoulaye escreve para Aïssato, sua melhor amiga de infância que vive nos Estados Unidos. A carta, redigida inicialmente para noticiar a morte do marido e a indignação dela com o sistema da poligamia tradicional, também evidencia resquícios da dominação colonial, a evolução dos processos políticos, as pressões por liberdades individuais e as convicções da protagonista para manter seus princípios éticos depois da viuvez.