O Feminino e o Sagrado – algumas reflexões
Acredito que as formas feminina e masculina de se aproximar da dimensão sagrada da vida são diferentes, independentemente de como se defina esse sagrado.
E, vejam bem, eu disse feminina e masculina e não das mulheres e dos homens, pois um homem pode usar a forma feminina e vice-versa.
Para a forma masculina de ver, o Divino é sempre transcendente, está longe e acima do humano e dele devemos nos aproximar com muito respeito e reverência!
Para isso se erguem catedrais, sinagogas, mesquitas…
Já a forma feminina vê o Divino muito mais próximo e mais “espalhado”, mais multifacetado e cotidiano.
Ele está na natureza! A gente o encontra no pôr do sol numa praia em Juquey, num beija-flor que nos visita no jardim de casa, numa majestosa paineira no vale do Matutu e, mesmo no surpreendente e quase “escandaloso” florescer de um ipê amarelo numa rua movimentada de São Paulo.
O Mistério também pode ser “tocado” nos sonhos, nas sincronicidades, nos oráculos, que de forma sutil nos encaminham para a jornada que tem a ver com nossa alma.
É um livro que ainda não existia mas que foi sonhado por quatro mulheres diferentes e que de alguma forma estiveram envolvidas em sua construção.
É uma pequena aranha que aparece quando duas amigas estão falando que “estão tecendo uma teia de mulheres”. E essa aranha, não satisfeita em aparecer pula em uma e na outra e tece um fio na mão de uma delas, como a concordar com a conversa!
É o sábio conselho dado pelo I CHING numa hora em que só o que existem são dúvidas.
O sagrado também é encontrado pelo Feminino nas relações.
No encontro com o profundo mistério da vida, quando, de repente, se contempla um filho dormindo ou quando se vive o nascimento de um neto.
No encontro com o profundo mistério da morte quando damos adeus a nossa velha mãe ou a nosso velho pai que se despede da vida.
No olhar ou no abraço de uma amiga, de um amigo que nos acolhe e nos faz sentir que não estamos sós nesse mundo.
No sentimento de compaixão por Nós e pelo Outro, pelo nosso humano, demasiadamente humano!
Enfim, para o Feminino, o Divino, o Mistério, o Sagrado está na VIDA!
Como os poetas são exímios em dizer muito com pouco, esse pequeno poema da Martha Medeiros “metaforiza” o que quero dizer:
ave maria cheia de espinhas e rugas
tantas filhas te batem à porta em busca de auxílio
cheia de graças convidas para uma sopa e um papo
enquanto o senhor lá em cima reprova esse barulho
NAMASTE!
Cris querida, como sempre você me comoveu…é fato que encontramos o Sagrado nas intermináveis conversas que temos com as amigas. Tais conversas nutrem a alma e transformam o mundo. Gracias por tudo!
Cassita querida, irmãs de alma, são bençãos do Divino, sem dúvida!
Cris
eiaaaaaaa