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O Feminino e os Livros: A SOMA DOS DIAS

A SOMA DOS DIAS é o segundo livro de memórias da escritora chilena Isabel Allende. Foi editado pela Bertrand Brasil em 2008. Comprei e li logo que saiu e nesses 5 anos já o reli 2 vezes. Pelos outros posts sobre livros podem ver que sou uma releitora contumaz. Quando gosto muito de um livro ele se torna um amigo fiel com quem quero “dialogar” com frequência. 

Li o primeiro livro de Isabel Allende, CASA DOS ESPÍRITOS, acho que no começo dos anos 90 e amei, mas depois, não sei bem o porquê nunca mais li nada dela, mas de certa forma acompanhava sua carreira literária. Mas assim que vi esse seu livro de memórias quis ler. Na verdade histórias reais me “chamam”muito mais que a ficção, como já disse. 

No seu primeiro livro de memórias – PAULA – ela escreve para contar a história da família para para a filha de 27 anos, que portadora de uma doença genética e após um erro médico, fica em coma de forma irreversível. Nele, que li logo depois de A SOMA DOS DIAS ( e que também gostei muito, mas menos do que esse) ela conta sua história familiar , começando com os avós, depois sua infância, adolescência e juventude no Chile, o golpe de Pinochet, o exílio na Venezuela, sua carreira, sua vinda para os Estados Unidos, enfim toda sua vida, até o acidente com a filha e do ano em que conviveu com ela em coma. É comovente e muito bonito. 

Em A SOMA DOS DIAS ela continua a falar para a filha, agora morta. O livro tem duas partes. A primeira parte cobre o que aconteceu com ela e sua pequena “tribo” – como ela chama sua família extendida – nos três primeiros anos após a morte de Paula. E como acontecem coisas!!! Sua imaginação é fichinha perto do que acontece com ela e sua família na vida real! 
Mas o que acho mais legal é a forma como ela as encara: com muito calor humano, muita honestidade, mostrando os lados sombrios e os luminosos, uma boa dose de humor e sabedoria. É um relato feito com paixão e muita coragem. É também um relato da luta com a terrível dor da morte de um filho e da construção de uma relação de amor real, sem romantismo ou ilusões, mas profunda e apaixonada com seu segundo marido, Willie. 

Na segunda parte do livro ela conta, também como sempre, para Paula, o que se passou nos dez anos, após os três relatados na primeira parte. A escrita já é mais bem humorada, com um tom quase auto gozador e, apesar de haver ainda fatos pesados o tom é de muito maior leveza. A dor pela morte da filha, apesar de ainda muito presente, parece mais suavizada. E as histórias vão se diversificando para abarcar novos personagens pitorescos e adoráveis que vão se agregando à sua “família” expandida. Vai falando também sobre o envelhecimento, os livros que foi escrevendo e sobre o amadurecimento da sua relação com o marido. O livro termina com uma terna e emocionante declaração do amor entre eles! 

Ela escreve como mulher: direta, confessional, emotiva, apaixonada, sem distanciamento. Eu adoro, parece que estamos conversando com uma amiga próxima, íntima e muito querida e, além do mais, excelente contadora de “causos”! 
Para mim o encontro com Isabel e suas histórias foi e continua sendo uma delícia!

 

Texto de Cristina Balieiro

2 comentários

  1. Olá Cristina,

    Eu também amei este livro, mostra a Isabel e sua família de forma tão real e humana, e o seu jeito de contar histórias e super envolvente!
    Também recomendo, principalmente para quem leu Paula.
    Bjs

  2. Anônimo disse:

    O primeiro que li da Isabel Allende, foi a Casa dos Espiritos. Depois li a Filha da Fortuna e Retrato a Sépia.
    Os três estão interligados pela mesma historia. Aconselho a quem leu um leia os outros dois. Eu achei interessante. Vou aproveitar a dica, e ler a Soma dos Dias porque tambem já li Paula. F.M.

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