O Patriarcado e o princípio Feminino
(…) esses milênios de dominação ainda nos cobram um preço bem alto: eles ocultaram, distorceram e desonraram o Princípio Feminino.
Nós, mulheres contemporâneas nascidas nessa cultura (que apenas engatinha para se modificar), não sabemos direito o que é ser uma mulher que não seja a definida pelo patriarcado. Para ele, sempre fomos o segundo sexo, aquele visto a partir do primeiro, o masculino, e, claro, definido em função dele, e não como algo em si. Como cita a analista junguiana Marion Woodman, no livro A feminilidade consciente: “Enquanto a mulher aceitar a projeção arquetípica do homem, estará aprisionada na compreensão masculina da realidade”.
Precisamos juntas buscar saber o que é ser mulher, independentemente do que é ser homem. Não é uma tarefa fácil, pois há camadas e camadas de cultura e história encobrindo essa identidade. Precisamos agir como exploradoras de um território bastante desconhecido.
Um dos principais modos de acessar em nós mesmas essa identidade mais autêntica do que é ser mulher sem um contraponto ao que é ser homem é mergulhar no Feminino Profundo, que vive em nosso inconsciente e que se manifesta nos sonhos, nos mitos, nos contos de fadas, na arte, nas Deusas.
Recorrer à simbologia das Deusas é uma nova maneira de as mulheres falarem de si mesmas e de novas possibilidades de ser. E, como é uma linguagem simbólica – a linguagem da psique humana –, é um alimento para nossa alma.
Trecho do livro O LEGADO DAS DEUSAS, págs. 8/9, Pólen Livros