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Pulando no vazio: o chamado à aventura na jornada da heroína

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Mesmo dificil de reconhecer como chamado, mesmo recusado várias vezes, o chamado volta, ainda que de outras formas. 

O chamado à aventura implica a percepção da necessidade de romper com o mundo conhecido e buscar o não conhecido. Claro que abandonar a forma aparentemente segura de viver pode trazer temores e insegurança. Com medo da jornada e de suas consequências, a pessoa pode se apegar ao antigo.

O apego ao conhecido, mesmo que esse conhecido não seja de todo bom, costuma ser muito forte, e abdicar dele é uma tarefa que exige coragem. O chamado é um momento em que é necessário abrir mão do que se conhece por algo que ainda não se sabe o que é. A sensação é a de pular no vazio, sem saber se existe “rede de proteção”, e às vezes o sentimento de perda pode ser muito mais forte que o de ganho.

Esse momento pode lembrar um “cabo de guerra”, no qual forças contrárias – o velho e conhecido, o novo e desconhecido – puxam de lados opostos. É compreensível, portanto, haver um período de recusa ao chamado. E, quanto mais diferente do mundo conhecido for esse chamado, quanto mais estranheza ele trouxer, mais difícil será tomar a decisão de segui‑lo.

Uma pessoa pode recusar o chamado de várias maneiras: minimizando seu apelo, desviando a atenção para outros interesses, encontrando desculpas, mesmo verdadeiras, para não seguir ou para adiar a convocação.

Quando a vida externa mobiliza muito nossa mente e energia, por exemplo quando se está focado no trabalho, na carreira, nos relacionamentos, na família ou nos filhos, é fácil recusar‑se a receber o chamado. Também quando somos descrentes, céticos ou excessivamente materialistas o apelo à ruptura parece corroborar com nosso pessimismo em vez de nos chamar para novas possibilidades.

Mas, se o chamado pode ser protelado, recusado e até distorcido, parece que a vida não desiste nunca. Ou a insatisfação, a sensação de vazio e de falta de sentido retornam ainda mais prementes, ou acontecem novas atribulações e eventos externos no mesmo sentido.

Não importa como, mas a convocação para que cada um siga a vida que lhe coube viver, ou o apelo para que se torne quem veio ser, parece retornar sempre.

Trecho do nosso livro O Feminino e o sagrado – mulheres na jornada do herói, link no menu

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