O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Sabedoria ancestral feminina

curandeira

Nesse ano de 2022, que nós mulheres saibamos resgatar mais de nossas sabedorias: a ancestral, vinda de milênios através de parteiras e curandeiras e a intuitiva, que existe desde sempre mas precisa ser revalorizada inclusive por nós mesmas, mulheres. Nesse trecho do livro duas mulheres falam sobre processos deste tipo que as conectaram à própria fertilidade.

”Resgatar e legitimar a experiência real desses processos femininos e nossos saberes sobre eles é passo fundamental para recuperarmos o poder sobre a vida. Duas entrevistadas se “apoderaram” de seus saberes internos para lidar com o engravidar.

Dúnia, que recebeu o diagnóstico de ovários policísticos, foi avisada de que não se curaria se não tomasse hormônios. Ela se recusou: – Não tomo hormônio; fazia tratamentos com ervas, acupuntura, e às vezes a menstruação vinha, às vezes não. Sonhei que estava grávida, que estava tendo um nenê e esse desejo cresceu em mim, então fui fazer uma bateria de exames – e para minha surpresa já estava grávida de três meses! Acredito que engravidei porque convergiu meu desejo com o momento propício de criação da vida.

No caso da Cler, sua vivência acabou sendo a gênese do seu trabalho com os círculos: – Logo que casamos comecei a pensar em ter filho, mas não conseguia engravidar. Eu ovulava, mas o meu ovário tinha criado uma capa ao redor dele e o óvulo não conseguia sair. Se fizesse um tratamento hormonal resolvia, mas eu, que já estava no caminho da autocura, me questionei: “Por que estou criando uma carapaça dura que faz que a minha fertilidade fique impedida? Alguma coisa no meu feminino está muito errada”. […] Daí uma amiga me falou do trabalho da Mônica Giraldez, baseado no livro da argentina Ethel Morgan, La diosa en nosotras. […] E eu fui. Foi […] uma revelação. Parecia que eu tinha caminhado a vida inteira para encontrar a deusa. […] E comecei eu mesma a fazer uns rituais na lua cheia para Deméter, para engravidar. […] engravidei naturalmente do meu filho mais velho, sem fazer tratamento. Ele nasceu quando eu tinha 34 anos.”

Fonte: Círculo de Mulheres – as novas irmandades, de Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro

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