O Feminino e o Sagrado um jeito de olhar o mundo

Indicação de livros: Fique comigo, As alegrias da maternidade e Niketche

Li nos últimos tempos 3 romances escritos por 3 escritoras africanas, Ayobami Adebay e Buchi Emecheta, nigerianas e Paulina Chiziane, moçambicana. Os três são excelentes e repletos de reflexões sobre as condições das mulheres no geral e na realidade africana – super recomendo. Seguem as resenhas dos livros.

Fique comigo, de Ayobami Adebay

Finalista do Baileys Women’s Prize for Fiction, este romance de estreia ambientado na Nigéria dá voz a marido e esposa enquanto eles contam a história de seu casamento ― e as forças que ameaçam destruí-lo. Yejide e Akin se apaixonaram na faculdade e logo se casaram. Apesar de muitos terem esperado que Akin tivesse várias esposas, ele e Yejide sempre concordaram que o marido não seria poligâmico. Porém, após quatro anos de casamento ― e de se consultar com médicos especialistas em fertilidade e curandeiros, tomar chás estranhos e buscar outras curas improváveis ―, Yejide não consegue engravidar. Ela está certa de que ainda há tempo, mas então a família do marido aparece na sua casa com uma jovem moça que eles apresentam como a segunda esposa de Akin. Furiosa, chocada e lívida de ciúmes, Yejide sabe que o único modo de salvar seu casamento é engravidar. O que, enfim, ela consegue ― mas a um custo muito maior do que poderia ter imaginado. Um romance eletrizante e de enorme poder emocional. Harper Collins

As alegrias da maternidade, de Buchi Emecheta

Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma “mulher completa”, submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo. Editora Dublinense


Niketche, de Paulina Chiziane

Rami é uma esposa fiel e subserviente. Ela faz o que manda a tradição, mas nem assim consegue ser amada por Tony, com quem é casada há vinte anos. Certo dia, Rami descobre que o marido tem várias amantes ― e filhos ― por todo o Moçambique, e decide conhecê-las uma a uma. “Eu, Rami, sou a primeira-dama, a rainha mãe. […] O nosso lar é um polígono de seis pontos. É polígamo. Um hexágono amoroso”, diz. A partir desse encontro surpreendente, todas terão suas vidas completamente transformadas.  Paulina Chiziane foi a primeira mulher moçambicana a publicar um romance ― apesar de não se considerar romancista, mas uma contadora de histórias. Em Niketche, ela mistura bom humor, consciência social e lirismo para traçar um vigoroso painel da condição feminina e da sociedade de seu país. Cia das Letras

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