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Sobre partos feitos por parteiras

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Há diferenças importantes entre profissionais que fazem os partos. Veja o que diz Bianca Zorman, obstetriz formada pela USP, com mestrado em Saúde Pública, trabalho como parteira e que deu esse depoimento para o nosso livro Círculo de Mulheres (link no menu):

“A sabedoria sobre o corpo feminino que as parteiras tinham e que aprenderam com outras mulheres não está na medicina. Você pega a história da medicina e vai ver que é uma história masculina: o corpo foi descrito de uma perspectiva machista. Parto não tem nada que ver com o que está nos livros, definitivamente!

Os livros médicos foram escritos por homens e os homens estão errados, nunca pariram ninguém! Eles falam sobre o parto como se fosse igual para todas as mulheres: “O parto tem de evoluir um centímetro por hora, e o expulsivo tem de durar…” E isso para toda e qualquer mulher! Eles só diferenciam a primípara, que é o primeiro parto, das que estão parindo pela segunda ou terceira vez. Mas tem tanta coisa que influencia no processo de começar a ter contração, de ritmar as contrações, tem tanta história que interfere nesse processo! Histórias pessoais mesmo, da vida das mulheres.

A parteira busca respeitar o tempo e o ritmo de cada mulher para que elas tenham mais liberdade para parir do jeito delas. A gente vai intuindo do que aquela pessoa precisa, porque o que uma precisa não é o que a outra precisa. E é um tipo de comunicação não verbal, porque não dá para ficar perguntando do que a pessoa precisa: você tem mais é que perceber, e às vezes nem ela sabe do que precisa.

E a parteira tem de ser otimista, tem de achar que o parto vai acontecer de forma natural. Deve acreditar no corpo, acreditar que existe uma “orquestra” do corpo que vai dar conta. Ela está ali para ouvir essa “orquestra” e dizer: “Está tudo bem, está indo bem. Eu estou aqui para te ajudar” – e deixar a coisa fluir, e intervir só quando, de fato, algo sair do compasso. No parto acontecem muitas coisas que estão além do racional. Muitas vezes a mulher vai fazer a catarse de muita coisa, não só física como emocional. O parto é um processo muito forte!”

Círculo de Mulheres – as novas irmandades. Ed Ágora, Grupo Summus

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